quinta-feira, 11 de maio de 2017

O simbolismo da presença de Dilma em Curitiba



HENRIQUE FONTANA
Dilma Rousseff e Lula no aeroporto de Curitiba, com Vagner Freitas da CUT

Dilma Rousseff foi uma figura marcante na noite deste 10 de maio de 2017 em Curitiba, apesar de relegada a um óbvio e natural segundo plano. Não pelo que disse, mas por sua presença até certo ponto surpreendente. Por ter sido a primeira a discursar no ato, depois do depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro na (a partir de hoje) mundialmente famosa 13ª Vara Federal, a chamada República de Curitiba.

A presença de Dilma no evento teve um caráter absolutamente simbólico. Em que pese seus notórios erros políticos (e até por eles), que seria repetitivo enumerar aqui, Dilma é quem foi derrubada pela articulação da qual Michel Temer é apenas uma marionete. Dilma cometeu erros, e não foram poucos, mas ela não pode ser, sozinha, responsabilizada pelo golpe. O seu grande erro foi o início do segundo mandato, mas aí as coisas já estavam meio difíceis (sim, inclusive por erros dela). O ciclo das commodities, que empurraram os dois mandatos de Lula, tinha acabado. E o acordo com o PMDB não foi ela quem fechou, anos antes.

A articulação que levou a marionete Temer ao poder, como se sabe, envolve interesses globais: a destruição do Brasil como nação, da Petrobras (como possibilidade de nação), uma das maiores companhias de petróleo do mundo, colocada na bacia das almas por interesses materializados pela Lava Jato, com seu pretexto de combater a corrupção.

"Tenho certeza que o país não vai continuar  por esse caminho de golpe atrás de golpe", disse Dilma em Curitiba. Os mais exigentes poderiam dizer que faltou uma preposição na frase de Dilma. Sim, faltou a preposição. Mas a frase, aparentemente simples, é carregada de muitas verdades intrínsecas. Porque estamos vendo, desde o ano passado, a comprovação de que Temer não passa mesmo de uma marionete manipulada pelas gigantescas corporações dos Estados Unidos da América, a Roma contemporânea.

E só uma nação mobilizada pode conter a Roma contemporânea. Não depende só de Lula ou de Dilma, nem de ambos juntos. O Brasil precisa ser uma nação.

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