sábado, 23 de agosto de 2014

Luciana Genro, uma adolescente de 43 anos



Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil


Apesar de seu discurso filosoficamente direitista, de vez em quando os "líderes" do PSOL conseguem acertar algumas frases. A candidata do partido à presidência da República, Luciana Genro, disse que “a alternativa Marina Silva é uma falácia, porque trata-se de segunda via do PSDB, no caso de Aécio (Neves) fracassar. Os economistas que a auxiliam são ligados aos tucanos. No entanto, o símbolo que ela tem é o da negação da política tradicional. Contudo, vou mostrar durante o processo eleitoral que quem é a terceira via é o nosso partido”.

Porém, a adolescente de 43 anos, filha de Tarso Genro, em entrevista ao Estadão, não perdeu a oportunidade de continuar a vociferar os ressentimentos do PSOL contra o PT. “O Lula, por exemplo, se revelou nunca ser de esquerda, mas apenas de oposição. Por que o Lula teve de fazer acordos e até o mensalão para aprovar assuntos no Congresso?"

Ora, Luciana, acho que você anda lendo demais a revista Veja. Você é muito confusa. Faz perguntas tolas. A seguir esse raciocínio, talvez em seu ortodoxo ministério coubesse um Joaquim Barbosa no Ministério da Justiça. Por que não? Ou, quem sabe, a Sininho para um futuro Ministério dos Direitos Civis?

Mas, falando sério, não que eu ache que não seja importante uma “oposição de esquerda” ao PT. Seria importante, se essa oposição à esquerda, que não existe, fosse capaz de construir uma crítica consistente. O PSOL é um partido que teria muito a acrescentar se sua prática e seu discurso incorporassem um mínimo conhecimento de História. Mas o discurso da “moça” é uma mistura de Reinaldo Azevedo mal construído com teorias políticas recortadas a partir de concepções estudantis incapazes de formular um pensamento digno de ser chamado de pensamento.

“Meu Ministério da Reforma Agrária estaria nas mãos do MST”, diz a revolucionária. 

Para essa gente, o PT e o PSDB são, senão a mesma coisa, quase a mesma coisa. Criticam Lula e Dilma como se a história brasileira tivesse começado em 1994, com a primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso, como se não tivessem existido Getúlio Vargas, João Goulart, ditadura militar, AI-5, luta contra a ditadura, torturados, pós-ditadura, redemocratização, Ulisses Guimarães, Sindicato dos Metalúrgicos...

Será que essa gente sabe da luta do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo, onde Lula começou?

Será que sabem que são de direita?

Às vezes acho que sabem e são mal intencionados. Às vezes acho que não sabem e são instrumentos da direita como uns bobos da corte, e só precisam de uma boa terapia. Ou umas boas palmadas que papai e mamãe não deram quando era preciso.

Quando vejo Luciana Genro falar, não me sai da cabeça que ela, no fundo, inconscientemente, só quer magoar papai Tarso. Luciana precisava se atualizar e conhecer que Freud não é novidade faz muito tempo. 

5 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

No fundo essa história de que "o PT não é de esquerda", na boca de partidários dessa dita "oposição de esquerda", não chega a ser um argumento intelectualmente muito embasado, mas uma estratégia eleitoreira das mais tradicionais: o PSOL, por exemplo, precisa desconstruir a imagem do PT enquanto partido de esquerda para disputar a fatia progressista do eleitorado e se viabilizar como alternativa de poder.

Eduardo Maretti disse...

Sim, sim, eleitoreira. Mas podia não ser SÓ isso, se fosse uma alternativa de fato à esquerda, e também não só com esse discursinho vazio e sem conteúdo, simplista e ressentido.

Felipe Cabañas da Silva disse...

O problema todo é que eu acredito que o PSOL entenda que se chegar ao poder se verá na mesma encruzilhada do PT: peemedebismo fisiológico, máquina pública corrompida, massacre midiático permanente, oposição raivosa à direita e à esquerda, os humores do mercado ameaçando bolsas, risco país, etc., etc., etc.
Não dou três meses para o PSOL aderir à realpolitik e não fazer nada muito diferente do PT.
Embora eu tenho consciência disso, também acho que talvez o PSOL, a longo prazo, possa ser mais uma alternativa de esquerda interessante. Este ano, por exemplo, como queria ver uma das lideranças históricas do PT se candidatando a governador (Suplicy, Marta, Mercadante, Cardozo), mas o Lula impôs Padilha, me inclino bastante a votar no Maringoni, que tem me parecido um psolista bem lúcido.

Eduardo Maretti disse...

Acho que o Lula tem razão ao insistir em novos quadros, como Haddad, e agora Padilha. Haddad foi uma aposta certa, ganhou a eleição. Padilha talvez não ganhe, já que sua tarefa é bem mais difícil, ganhar o conservador estado de SP.

Paulo M disse...

Concordo com o post e os comentários. E votaria no Maringoni se ele fosse candidato do PT. Não é cegueira ou sectarismo partidário, mas acho, principalmente agora, imprescindível que se mantenha uma unidade de propostas num mundo cada vez mais dividido e segmentado em todos os âmbitos.