quinta-feira, 30 de junho de 2011

Câmara aprova incentivos fiscais para Itaquerão. Agora vai?

Ao que parece, pelo menos do ponto de vista político-legislativo, a batalha pela construção do estádio do Corinthians em Itaquera (zona Leste de São Paulo) vai chegando ao fim, já que a Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira, 29, em primeira votação, o projeto de lei 288/2011, do Executivo, autorizando a prefeitura a conceder incentivos fiscais de R$ 420 milhões para as obras.

Aurélio Miguel é contra
Foto: RenattodSousa
De um total de 51 no Plenário, 36 vereadores votaram a favor, 12 contra (veja lista abaixo) e 3 se abstiveram. O projeto ainda terá de ser votado em segunda sessão e a votação final deve acontecer nesta sexta-feira.

O vereador, ex-judoca e conselheiro do São Paulo Aurélio Miguel (PR) foi o que causou mais dificuldades à aprovação e agora promete tentar barrá-lo com uma ação popular contra a inconstitucionalidade que ele vê no texto, por “favorecimento a uma empresa milionária e, de quebra, a uma agremiação esportiva”. Ele promete: "Se eu não fizer isso, o Ministério Público fará”.

Curioso isso, brigas clubísticas pautando uma votação na Câmara. Outro são-paulino que votou contra foi Marco Aurélio Cunha (DEM). O vereador José Américo (PT), que votou a favor, defendeu o projeto: "fará um bem enorme para a zona Leste, que precisa de incentivos. Temos de criar vetores de desenvolvimento econômico naquela região”.

Pelas informações disponíveis, o Corinthians tem até 12 de julho para apresentar à FIFA as garantias financeiras que viabilizem a arena. Resta saber se serão superadas as dificuldades de engenharia, pois o terreno está situado em um local cheio de dutos da Petrobras, que terão de ser removidos.

De minha parte, acho meio hipócritas os protestos dos paladinos da moralidade pública contra a concessão de incentivos fiscais, pelos motivos já expostos neste blog (aqui). Por outro lado, me parece absurda a rejeição do Morumbi, por motivos claramente políticos e também pelos grandes interesses econômicos que giram como moscas em torno do projeto do Itaquerão.

Abaixo, os vereadores que votaram contra o projeto na Câmara Muncipal.

Adilson Amadeu (PTB)
Arselino Tatto (PT)
Attila Russomanno (PP)
Aurelio Miguel (PR)
Aurélio Nomura (PV)
Carlos Neder (PT)
Chico Macena (PT)
Claudio Fonseca (PPS)
José Ferreira, o Zelão (PT)
Marco Aurélio Cunha (DEM)
Sandra Tadeu (DEM)
Tião Farias (PSDB)

PS*: Nesta quinta-feira, a FIFA informou, em nota oficial, que o calendário da Copa do Mundo e as sedes só serão anunciados em outubro: "o Comitê Organizador se reunirá em Outubro de 2011, alguns dias antes das reuniões de 20 e 21 de Outubro do Comitê Executivo da FIFA, o qual ratificará o calendário de partidas da Copa do Mundo da FIFA 2014", anunciou o órgão.

*Atualizado às 15:17

terça-feira, 28 de junho de 2011

Myrian Rios, Bolsonaros e a reação esperneiam, mas “a História é um carro alegre”

As declarações da atriz e deputada estadual Myrian Rios (PDT-RJ) não merecem a relevância que recebem. Não que as “ideias” manifestadas pela ex-esposa de Roberto Carlos não sejam condenáveis. São, e foram rebatidas categoricamente em nota oficial da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), que você pode ler aqui.

Mas esses soluços de reação me fazem lembrar a célebre frase de Regina Duarte, outrora “namoradinha do Brasil”, quando disse “eu tenho muito medo”, em 2002. São manifestações naturais quando transformações históricas e irrevogáveis estão em curso. Muitos setores não entenderam ainda o que significa estar em 2011, o primeiro ano da segunda década do século XXI, e simplesmente reagem. Reagem em vão.

(Parênteses: note-se que a deputada católica extremamente praticante é do partido, o PDT, de ninguém menos do que o deputado federal Brizola Neto. Precisa dizer mais alguma coisa? Precisa, e provavelmente por isso a deputada Myrian Rios logo veio a público pedir desculpas pelas ideias temerárias que andou defendendo em discurso na Assembleia Legislativa fluminense).

O fato é que os passos rumo a uma nação laica, com cada vez menos preconceitos e discriminação, estão sendo dados, e não só em retórica, luta ou discurso, mas juridicamente também. Jurisprudências vão se consolidando de maneira cabal, o que mostra o caráter inexorável da evolução.

Exemplos recentes mas já clássicos:

- O reconhecimento, por 10 votos a zero, pelo Supremo Tribunal Federal, da união homoafetiva, no início de maio (leia aqui).

- a decisão do juiz Fernando Henrique Pinto, da 2ª Vara da Família e das Sucessões de Jacareí (SP), autorizando esta semana que o casal gay Sérgio Kauffman e Luiz André Moresi realizasse um casamento civil (esta decisão já foi influência do entendimento do STF sobre união homoafetiva).

- o Estado laico também foi contemplado em maio de 2008, quando o STF considerou constitucionais as pesquisas com células-tronco embrionárias no país, uma decisão que derrotou as inclinações mais obscurantistas da sociedade, representadas no próprio Supremo, e deu aval para que a Ciência possa se desenvolver no país.

E outras decisões virão.

É certo que, como vimos na estratégia sórdida da campanha eleitoral tucana em 2010; nas agressões homofóbicas persistentes; ou na repressão covarde da polícia paulista à Marcha da Maconha em São Paulo, não se pode baixar a guarda. Mas, até neste caso, em julgamento neste junho de 2011, o STF deu um basta à intolerância, declarando liberadas as manifestações desse tipo, em nome da liberdade de manifestação e expressão.

Não se pode baixar a guarda, tampouco, no combate ao famigerado AI-5 digital, uma sombra que paira sobre as liberdades introduzidas pela internet na vida das pessoas e na própria forma de fazer política, combate urgente a ser travado nas instâncias de luta adequadas (das redes sociais ao Congresso Nacional).

Apesar de tudo, ao contrário dos soluços reacionários, as lutas é que não têm sido vãs, e as vitórias delas decorrentes são notórias, como vimos. Outras Reginas Duartes e Myrian Rios, outros Bolsonaros e quetais continuarão esperneando e vociferando. Mas, como escreveu Pablo Milanes em Canción por La Unidad de Latino América, interpretada lindamente por Chico Buarque e Milton Nascimento:

“A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue”

Os novos pedágios de São Paulo: Alckmin descumpre promessa de campanha

O governador de São Paulo anunciou ontem os valores do reajuste dos cada vez mais extorsivos pedágios no estado, que passam a vigorar em 1° de julho. Ao contrário da promessa de campanha de que faria uma revisão dos contratos, o governador Geraldo Alckmin mais uma vez mostrou seu desapreço pela transparência e pelo bolso do usuário, mantendo o reajuste dos contratos mais antigos calculado pelo Índice Geral de Preços (IGP-M), quase sempre mais alto.


Foto: Eduardo Metroviche
 Assim, o pedágio das rodovias Bandeirantes, Castello Branco, Anchieta, Washington Luís, parte da Raposo Tavares e da super lucrativa Imigrantes serão reajustados pela bagatela de 9,77%. A descida da Serra para tomar um chopp a beira-mar, por exemplo saltou de R$ 18,50 para R$ 20,10 na Imigrantes.

O que paguei de pedágio na viagem que fiz no fim de semana para Rio Claro (176 km da capital) aumenta de R$ 45,10 para R$ 49,50, ida e volta. Ou seja, mais de 50% do valor que eu gasto de combustível. São nada menos do que quatro praças em menos de 200 km.

Só as concessões mais recentes vão se basear no IPCA, e terão reajuste de “apenas” 6,55%, caso da Ayrton Senna, Carvalho Pinto, Dom Pedro 1º, Marechal Rondon e parte da Raposo Tavares.

Agora, para justificar a quebra de palavra empenhada na campanha pelo chefe, o secretário dos Transportes e Logística, Saulo de Castro Abreu, desconversa. "A revisão está sendo feita. O governador prometeu neste ano e o ano termina em dezembro", disse ele.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O grandioso espetáculo da torcida do Santos no Pacaembu na final com o Peñarol

Em post anterior, no dia do tri, eu disse que voltaria a falar sobre a Libertadores. Então, volto ao tema, mas para homenagear a nação santista. A torcida do Santos deu um show absolutamente inesquecível no Pacaembu, naquele 22 de junho, antes de os times entrarem em campo para disputar a final da Libertadores de 2011.

O vídeo, de qualidade discutível, que fizemos com uma camerinha Pentax Optio, serve porém para registrar e dar a quem não estava lá uma ideia do que foi aquela noite memorável.


Leia sobre o título, veja os melhores momentos da partida final e a ficha técnica no post Glorioso alvinegro praiano de Ganso e Neymar é tricampeão da Libertadores.

Zeca Baleiro em Rio Claro


O cantor em Rio Claro
Foto: Carmem Machado
 Na sexta-feira, 24 de junho, Zeca Baleiro deu um show em Rio Claro (interior de São Paulo), evento que fez parte da festa pelos 184 anos da cidade. 

Organizado pela prefeitura, o show na praça central rioclarense foi um belo presente que a atual administração deu à cidade. Porque Zeca Baleiro é para mim, atualmente, talvez o melhor e mais criativo artista da MPB, que está há muito tempo num marasmo só de vez em quando perturbado. Por isso, após o show, em conversa na casa de meu cuhado Milton Machado Luz, secretário municipal de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente de Rio Claro, onde tomamos uma cerveja e comemos um ótimo risoto, comentei com um dos presentes que, na minha modesta opinião, Baleiro hoje encanta mais do que Chico Buarque.

Não quis dizer com isso que Zeca Baleiro é maior do que o gigante Chico Buarque que tanto amamos. Mas quis dizer, e reafirmo, que hoje me dá mais prazer ouvir uma canção nova ou um novo disco do cantor e compositor maranhense do que de Chico, cujos últimos trabalhos têm me parecido repetitivos, como a mais recente canção "Querido diário", postada aqui.

Digo isso tanto pela beleza e força das letras de Baleiro, que dizem muito da realidade urbana e de uma geração posterior à embalada pela obra de Chico, quanto pela música, rico amálgama de culturas, que mistura as tradições nordestinas com o rock, por exemplo. O que torna o trabalho de Baleiro impossível de ser resumido a um gênero. Ele valoriza enormemente o regional, mas situando-o num contexto poética e musicalmente cosmopolita.

No show de Rio Claro, apresentado com a Orquestra Filarmônica da cidade meio no improviso, ele interpretou várias canções de seu repertório, como "Telegrama", "Um filho e um cachorro", "Mamãe Oxum" (que já postei neste blog, aqui), "Babylon", "Samba do approach", "Heavy metal do Senhor", entre outras.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Glorioso alvinegro praiano de Ganso e Neymar é tricampeão da Libertadores

Venho aqui acabado de chegar do estádio do Pacaembu, onde o Alvinegro da Vila Belmiro sagrou-se nesta noite mágica de 22 de junho tricampeão da Libertadores, 48 anos depois do bicampeonato de 1963. O simbolismo desse título é imenso e ele finalmente põe fim à historinha tola intitulada "viúvas de Pelé".

O título veio com dois golaços de duas revelações da fantástica fábrica de craques chamada Santos Futebol Clube. No primeiro, com jogada que saiu de um toque de letra do enciclopédico Paulo Henrique Ganso para Arouca, que fez um lance antológico e passou para Neymar arrematar como sabe, de primeira, seco, no canto do goleiro Sosa. Gol digno de um time e de uma geração que mereciam terminar a saga com a taça da América.

No segundo, numa arrancada inesperada e fulminante do lateral direito Danilo, que os deuses do futebol quiseram colocar, nesta decisão, na sua posição de origem, a lateral direita.

E assim chega ao fim uma das mais belas páginas da história do futebol brasileiro, e do Santos Futebol Clube. Página de uma história que continuará sempre.

Voltarei a falar mais dessa Libertadores. Por ora, sem voz de berrar nas arquibancadas, esgotado física e emocionalmente, vou me retirando, tomar um chá de camomila para ver se amanhã minha voz volta.

Melhores momentos do jogo:



Ficha técnica
Santos 2 x 1 Peñarol

Gols
Neymar, a 1min, Danilo, aos 22min do segundo tempo; Durval (contra), aos 34min do segundo tempo.

Santos: Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval e Léo (Alex Sandro); Adriano e Arouca; Elano e Paulo Henrique Ganso (Pará); Zé Eduardo e Neymar
Treinador: Muricy Ramalho

Peñarol: Sosa; Alejandro González (Albín) (Estoyanoff), Valdez, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Corujo, Freitas, Aguiar e Mier (Urretaviscaya); Martinuccio e Olivera
Treinador: Diego Aguirre

Árbitro: Sergio Pezzotta (Argentina)
Público pagante e renda: 37984 pagantes / R$ 4.266.670,00

Ouça os gols do Santos na narração de Oscar Ulisses:



Time recebe as medalhas de campeão:

terça-feira, 21 de junho de 2011

Música do novo CD de Chico Buarque já pode ser ouvida na web

Uma canção do disco que Chico Buarque lançará oficialmente em 20 de julho vazou na internet. Provavelmente para incentivar a pré-venda do CD, que já acontece no site artista, intitulado Chico, e que custará R$ 29,90.

Ouça a canção:



"Querido diário" (letra)


Hoje topei com alguns
conhecidos meus
Me dão bom-dia [bom-dia], cheios de carinho;
dizem para eu ter muita luz
e ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho

Hoje a cidade acordou
toda em contramão
Homens com raiva,
buzinas, sirenes, estardalhaço
De volta à casa, na rua
recolhi um cão
que, de hora em hora, me arranca um pedaço

Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez,
fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício

Hoje, afinal, conheci o amor
E era o amor, uma obscura trama
não bato nela, não bato
nem com uma flor
mas se ela chora, desejo-me em flama

"Querido diário"
Hoje o inimigo veio,
veio me espreitar
Armou tocaia lá
na curva do rio
Trouxe um porrete, um porrete a "mode" me quebrar
mas eu não quebro não, porque sou macio, viu?!

Publicado originalmente às 18:26 de 21/06/2011

Santos enfrenta Peñarol pelo tri da Libertadores


Rafael; Danilo, Edu Dracena, Durval e Léo; Adriano, Arouca, Elano e Paulo Henrique Ganso; Neymar e Zé Eduardo.

Esta a provável escalação do Santos para disputar com o Peñarol na noite desta quarta-feira, 22 de junho, no Pacaembu, o título da Libertadores da América de 2011. O time da Vila Belmiro, como o uruguaio, precisa de uma vitória simples. Empate dá prorrogação, e depois só os penais pra resolver.

O lateral Pará dá lugar a PH Ganso e Danilo deve ser o lateral direito, deixando a função de volante e voltando à posição de origem, onde jogou inclusive na seleção brasilleira sub-20 no título sul-americano. Léo, que não jogou no 0 a 0 de Montevidéu, deve voltar à esquerda no lugar de Alex Sandro, que por pouco não entregou a rapadura no jogo de ida. Se os reforços de Ganso e Léo se confirmarem, a situação do Alvinegro melhora consideravelmente e seu favoritismo, reconhecido até pelo técnico aurinegro, Diego Aguirre, tem mais chances de se concretizar.


Léo e Neymar em treino nesta terça, 21 de junho
Foto: Ricardo Saibun/Santos FC
 Com a volta de Ganso, com sua inteligência e liderança, seus passes destruidores de quem antevê os espaços, Neymar terá com quem jogar, Neymar que sem o camisa 10 tem sofrido de enorme solidão, sem um meio de campo que o alimente (que poderia ter sido Alan Patrick em Montevidéu) e ainda sem um companheiro de ataque à altura, como André foi em 2010. Oxalá Zé Love faça a sua parte, mas acho possível que Maicon Leite entre no decorrer da partida. É difícil que Muricy Ramalho tenha um ataque de ousadia e coloque Maicon de saída, mas, dadas as circunstâncias táticas e mesmo emocionais (é a última partida de Zé Eduardo pelo clube, sua fase é ruim e ele anda se debulhando em lágrimas), o técnico não estaria pensando nessa possibilidade? Os treinos de segunda e terça-feira parecem ter mostrado que Muricy não desconsidera essa alternativa.

O capitão Edu Dracena, ao qual eu não poupei críticas nesta temporada, cumpriu suspensão no Uruguai e volta no lugar de Bruno Rodrigo, que fez uma partida razoável em Montevidéu, mas com falhas graves de posicionamento.


PH Ganso, com sua canhota preciosa, está de volta
Foto: Ricardo Saibun/Santos FC
 Assim, o Peixe entra em campo com a força máxima contra o Peñarol, para lutar pelo tricampeonato do continente, enquanto o time amarelo-e-preto tenta o seu sexto campeonato. O time uruguaio tem cinco títulos (1960, 1961, 1966, 1982 e 1987). O Santos, dois (1962 e 1963).

Sem falar nos riscos propriamente ditos de um jogo como esse, contra um adversário limitado tecnicamente, mas reconhecidamente perigoso, traiçoeiro e aguerrido, o outro risco é um possível oba-oba ou já ganhou, desdenhando os uruguaios, que no futebol conhecemos bem. Eu não gostei muito dessa cor que Neymar colocou nos cabelos, que me remete a uma outra final no Pacaembu, em 1995. Mas isso, claro, é neura de torcedor. Tampouco gostei das declarações do Coutinho, companheiro de Pelé em 62, que mais está parecendo opinião típica de corintiano de Santos (vocês podem ver essas declarações na mídia, especialmente no Uol).

Na chegada de Montevidéu, já em São Paulo, o volante-lateral Danilo falou rapidamente a repórteres, se disse otimista após o 0 a 0 fora de casa, e arrematou: "vamos terminar o serviço no Pacaembu". Adorei essa declaração.

Para terminar rimando, Neymar sempre foi provocador mesmo, e espero que, agora ao lado do craque e companheiro Ganso, com esse cabelo caju, ele esteja inspirado e seja decisivo como tem sido ao longo de 2010 e 2011. Que quebre as neuras e superstições de cor de cabelo e outras, que arrebente o tabu de 49 anos sem uma Libertadores, que vá pra cima deles e os destrua.

Atualizado à 00h21

domingo, 19 de junho de 2011

Amy Winehouse em Belgrado

Leio que o show de Amy Winehouse em Belgrado, capital da Sérvia, no sábado, 18, foi um "desastre", entre outros adjetivos. A cantora inglesa foi vaiada pela platéia.

Quando vejo essa extraordinária cantora dando esses “vexames”, é como um déjà vu
em que eu visse Tim Maia não entrar em seu próprio show. Infelizmente nunca vi um show de Tim Maia e, pelo andar da carruagem, acho que também não vou ver nenhum da Amy.

Mas continuarei sendo fã dela. E tem mais: os sérvios são muito reacionários.

Abaixo, uma passagem do show “desastroso” em Belgrado (eu bem que pagaria uns poucos dólares ou euros por esse pequeno pedaço de "desastre" musical).



Uma interpretação magistral de Amy Winehouse, que postei neste blog, você pode assistir clicando no link a seguir, em que ela interpreta Hey little rich girl.

PS*: Segundo a imprensa em todo o mundo divulgou hoje, a cantora 
cancelou toda sua turnê europeia, que passaria por várias cidades e estava programada para se encerrar em 4 de agosto em Portugal.

*Atualizado às 13:07 (21 de junho/2011)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pensamento para sexta-feira [17] - Jorge Luis Borges


Episódio do inimigo
(Jorge Luis Borges)

     Tantos anos fugindo e esperando e agora o inimigo estava em minha casa. Da janela, vi-o subir penosamente pelo áspero caminho da colina. Ajudava-se com uma bengala, com uma torpe bengala que em velhas mãos não podia ser uma arma porém um báculo. Custou-me a perceber o que esperava: a débil batida na porta. Não sem nostalgia, olhei meus manuscritos, meu borrão semiconcluído e o tratado de Artemidoro sobre os sonhos, livro um tanto anômalo aí, uma vez que não sei grego. Outro dia perdido, pensei. Tive de forcejar com a chave. Receei que o homem desfalecesse, porém deu uns passos incertos, soltou a bengala, que não tornei a ver, e caiu em minha cama submisso. Minha ansiedade o tinha imaginado muitas vezes, mas só então notei que ele se parecia, de um modo quase fraternal, com o último retrato de Lincoln. Seriam as quatro da tarde.
     Inclinei-me sobre ele para que me ouvisse.
     - A gente crê que os anos passam para si - lhe disse - mas passam também para os demais. Aqui por fim nos encontramos e o que ocorreu antes não tem sentido.
     Enquanto eu falava, ele tinha desabotoado o sobretudo. A mão direita estava no bolso do paletó. Algo apontava para mim e eu percebi que era um revólver.
     Disse-me então com voz firme:
     - Para entrar em sua casa, recorri à compaixão. Tenho-o agora à minha mercê e não sou misericordioso.
     Tentei umas palavras. Não sou um homem forte e só as palavras poderiam salvar-me. Atinei em dizer:
     - É verdade que faz tempo maltratei um menino, mas você já não é aquele menino nem eu aquele insensato. Além disso, a vingança não é menos vaidosa que o perdão.
     - Precisamente porque já não sou aquele menino - replicou-me - tenho de matá-lo. Não se trata de uma vingança, mas de um ato de justiça. Seus argumentos, Borges, são meros estratagemas de seu terror para que eu não o mate. Você já não pode fazer nada.
     - Posso fazer uma coisa - respondi-lhe.
     - O quê? - perguntou-me.
     - Despertar.
     E assim o fiz.


Nota: Na última terça-feira, 14 de junho, completaram-se
25 anos da morte do escritor argentino Jorge Luis Borges
(Buenos Aires, 24 de agosto de 1899 — Genebra, 14 de junho de 1986)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Santos a uma vitória de ser campeão da América pela terceira vez


Muricy perto de título inédito
 Ao estilo Muricy, com segurança, o Santos Futebol Clube deixa Montevidéu com um 0 a 0 contra o Peñarol que lhe permite jogar no Pacaembu, dia 22, a próxima quarta-feira, por uma vitória simples para conquistar o tri da Libertadores.

O próprio Muricy avisou que vai ser difícil o jogo de volta. Mas o favoritismo com o qual o time da Vila entrou nessa final se manteve, após o jogo de ida. O Peixe fez uma partida de risco calculado. Um risco calculado que mais uma vez deu certo, e assim Muricy Ramalho se aproxima de seu segundo título em 2011 e sua primeira Libertadores na carreira. Oxalá.

A mim me pareceu que nesse duelo contra o Peñarol, hoje, Alan Patrick poderia ter jogado de titular desde o início (só entrou no segundo, em lugar de Elano, cansado), porque o Santos não tinha articulação e criatividade no meio campo, o que fez a bola ser rifada de maneira sistemática. E a bola sempre voltava contra.

Mas Patrick para jogar no lugar de quem? É incrível, mas nesse jogo especificamente, só no lugar de Danilo. Pois, por mais que se critique, Adriano como primeiro volante tinha que estar em campo. Adriano, aliás, que salvou um gol feito do Peñarol no segundo tempo ao se atirar, feito um uruguaio, numa bola chutada da marca do pênalti. Mas claro que Muricy não ia deixar Danilo no banco, Danilo que tem sido um leão nessa Libertadores. Só se tivesse jogado Danilo na lateral direita e Pará na esquerda, para sacar Alex Sandro e colocar Alan Patrick no meio.

Léo, na lateral esquerda, fez muita falta. Ofensivamente, Alex Sandro foi bem, mas até os 23 minutos do primeiro tempo eu contei três bolas que ele perdeu e poderiam ter determinado a vitória do time uruguaio.

Neymar é Neymar. Apesar do vacilo inicial ao levar um amarelo por fazer teatro, por pouco não decidiu. Acho que deve decidir no Pacaembu.

O Peñarol é um time bom, dentro de seu padrão tecnicamente limitado, defensivo, com uma linha de defesa com quatro (!) zagueiros, sem muitas alternativas de jogada quando tem que atacar. Mas, louve-se, é um time leal. Em nenhum momento, em sua casa, o time aurinegro deu pontapé dentro do mítico estádio Centenário em que mandou seu jogo.

Vamos combinar. A arbitragem comandada pelo juiz paraguaio Carlos Amarilla acabou sendo perfeita, mas foi importante a pressão do staff do Santos ao fim do primeiro tempo, para fazer parar a pressão sobre Neymar, que no primeiro tempo foi grande. A denúncia do jovem craque, aos microfones de toda a América, dizendo que o árbitro o estava ameaçando, foi politicamente muito bem colocada. Mas a arbitragem não deu pênalti pros uruguaios no primeiro tempo, nem gol para eles no segundo. Nem foi pênalti, nem foi gol (o impedimento foi claro).

E a torcida santista tem que aplaudir o quarto zagueiro Durval. O melhor jogador do Santos contra o Peñarol neste 15 de junho de 2011, no estádio Centenário.

Agora é no Pacaembu.

Atualizado às 11h38

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Duas visões sobre as mulheres do governo Dilma

É bastante didática a comparação de como o diário paulista dos Campos Elíseos aborda a questão das mulheres no governo Dilma Rousseff com, por exemplo, o texto de um jornal internacional do nível do El País, da Espanha.

Em editorial de terça-feira, 14 de junho (aqui – para assinantes), a Folha de S. Paulo diz o seguinte sobre a nova ministra Ideli Salvatti, em editorial intitulado “A escolha de Ideli”:

“A nomeação da senadora Ideli Salvatti, alçada do obscuro Ministério da Pesca para a até agora irrelevante pasta das Relações Institucionais, parece ter levado em consideração sua disposição inabalável, e muitas vezes beligerante, na defesa de aliados.
"Da linha de frente governista na batalha do mensalão, no auge do escândalo, ao apoio aos peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney, a senadora sempre primou por combater ao lado do Planalto”, ataca o jornal da família Frias.

Mais para torcedor do desastre político do governo e fomentador de intrigas, o jornal dispara: “Embora Ideli seja credora da sigla do vice-presidente, Michel Temer, sua propensão para o confronto pode abrir novas frentes de atrito”.

Já o El País, de importância reconhecida na Europa, diz em sua edição online desta quarta-feira, 15, em matéria (íntegra aqui) assinada por Juan Arias:

“Chegou a hora da mulher no poder político no Brasil? ‘De repente, apesar de sua fama de machista, o Brasil desperta governado por mulheres’, escreveu ontem o famoso escritor [Carlos] Heitor Cony [curiosamente, na própria Folha – nota do blog]. Se refere à iniciativa recente da presidente Dilma Rousseff com a criação de um triunvirato de mulheres para governar o gigante sul-americano após a demissão do chefe de gabinete e ex-ministro da Fazenda estrela da era Lula, Antonio Palocci”.

O jornal europeu acrescenta: “Os três cargos mais importantes do Executivo estão com três mulheres: a própria presidente Dilma Rousseff; a nova ministra-chefe da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann; e a nova ministra de Relações Institucionais, a ex-senadora e ex-ministra da Pesca, Ideli Salvatti. Esta é responsável pelo sempre difícil entendimento entre a presidência, os dez partidos aliados do governo e o Congresso”.

Depois de analisar a conjuntura política e afirmar que a estratégia (por trás de demissão de Palocci e as novas nomeações) “revela maior autonomia de Rousseff em relação a Lula”, o El País diz que a cartada de Dilma representa uma “incógnita e uma aposta arriscada que poderá consolidar ou minar sua liderança política”, e conclui: “A grande polarização de grupos e líderes tem forçado aos sucessivos governos a forjar pactos e distribuir cargos e regalias para tornar possível a governabilidade. E o triunvirato não parece muito disposto a seguir esta tradição”.

A ministra que, para a Folha, "parece ter ciência das limitações com que assume", para o El País está num dos "três cargos mais importantes do Executivo".

Fica com o leitor a tarefa de comparar a rala e provinciana análise política do jornal paulista com a do diário espanhol. Eu vou me concentrar para assistir à final da Libertadores, daqui a pouco.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Após superar vulcão, Santos se concentra para o Peñarol em Montevidéu

Santos decide Libertadores contra velho rival Peñarol nesta quarta, 15, em Montevidéu, às 21h50, e na próxima, dia 22, no Pacaembu, no mesmo horário.

A torcida santista vibrou pelo twitter, por e-mail, por celular quando chegou a notícia de que o vôo que levava a delegação a Montevidéu havia pousado. O vulcão chileno Puyehue bem que atrapalhou, provocou ansiedade, tensão, mas o time enfim venceu a primeira batalha, contra a natureza, e agora a nação santista espera o início da guerra (no bom sentido, o esportivo) pelo tricampeonato da Libertadores, nesta quarta-feira, 15 de junho. O jogo de volta, no Pacaembu, será dia 22.

Torcedor comemora no twitter chegada do avião a Montevidéu

O duelo se consolida neste 2011 como um clássico da América Latina. Em 1962, sem Pelé, machucado, o Peixe foi a Montevidéu e conseguiu a vitória, por 2 a 1, contra o mesmo Peñarol, no estádio Centenário. No jogo de volta, na Vila, numa partida cheia de alternativas, um torcedor jogou uma garrafa em campo após os uruguaios fazerem 3 a 2. Descrição do jornal O Estado de S. Paulo do que sucedeu: “A partida ficou paralisada por quase uma hora e meia e, após intermináveis discussões, Robles [o árbitro chileno] foi convencido pelos dirigentes da Conmebol a reiniciar o duelo a fim de acalmar os torcedores, mas por decisão secreta do árbitro a partida fora suspenso no momento em que a garrafa do torcedor caiu no gramado. Nenhum dos jogadores sabia disso, nem os 22 mil torcedores (...)

“Com a bola rolando, o Santos buscava o empate e o Peñarol se defendia. Até que, aos 51, Pagão fez o terceiro gol santistas. O empate por 3 a 3 representava a conquista do título. No dia seguinte, o Estado e os outros jornais paulistas davam em edição especial o título ao Santos. Porém, a Conmebol acatou a decisão do juiz e deu a vitória ao Peñarol. Com um triunfo para cada lado, o tira-teima foi marcado para 30 de agosto. Para azar dos uruguaios, desta vez Pelé estaria em campo. E os 50 mil torcedores que foram ao Monumental de Núñez, em Buenos Aires, viram uma exibição perfeita do time santista.”

O Santos ganhava assim a negra por 3 a 0 e conquistava a primeira Libertadores.

De 1962 e 2011: Zé Love, Pelé, Neymar e Elano, na segunda, 13
Foto: Ricardo Saibun

49 anos depois, eis que a mesma final se repete, cercada de eventos inusitados, fumaça de vulcão pelo caminho. Neymar é recebido na capital uruguaia como pop star. O time do Peñarol, uma equipe forte, bem organizada taticamente, não vai ser adversário fácil. Não custa lembrar que os uruguaios eliminaram Internacional, Universidad Católica e Vélez Sarsfield nos mata-matas, todos fora de casa. Por isso, todo cuidado será pouco em Montevidéu, pois um resultado satisfatório dificultará o jogo demasiadamente fechado do Peñarol no Pacaembu.

Esperemos que Bruno Rodrigo esteja preparado para substituir o capitão Edu Dracena, suspenso por ter sido expulso na semifinal contra o Cerro Porteño.

*PS: na pressa, faltou dizer o que o Victor, do blog Cartão Laranja, lembrou em comentário neste post. Além de Dracena, "não temos o Léo e nem o Jonathan" em Montevidéu. De fato. Parece-me que a ausência de Léo é a mais preocupante, fora Dracena. Alex Sandro fez uma partida muito ruim no empate em 3 a 3 contra o Cerro Porteño na semifinal, que classificou o Peixe para a decisão. Jonathan, por mim, poderia até ir embora do clube, já que só entra em campo para já queimar de antemão uma alteração do treinador.

O time. Muricy deve mandar a campo amanhã: Rafael, Pará, Bruno Rodrigo, Durval e Alex Sandro; Adriano, Arouca, Danilo e Elano; Neymar e Zé Eduardo.

*Atualizado às às 17h12

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Aids, SUS e a saúde no Brasil

Uma notícia no portal Ig nesta segunda-feira conta um caso pessoal, mas que diz muito da excelência com que a Aids é tratada no Brasil, 30 anos depois que começou a aparecer e, entre nós, o jornal Notícias Populares a batizou com suas manchetes sujas de “peste gay”.

O caso é o de um japonês que, após descobrir que tinha aids, deixou seu país e rumou ao Brasil, para se tratar pelo Sistema Único de Saúde (SUS), assim como fazem pessoas de todas as partes do mundo. Atualmente, diz a matéria, 710 estrangeiros “recebem tratamento e acolhimento médico de graça contra o HIV” no Brasil, segundo dados do Programa Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde.

Entre os motivos de ter procurado o Brasil, além da gratuidade do tratamento, o japonês explica: "No Brasil, eu sei que não serei tratado por robôs". Tratamento de Aids nos Estados Unidos ou na França chega a custar US$ 2 mil por mês.

Notícias como essa são importantes para mostrar que, se o sistema de saúde no Brasil tem problemas, e tem muitos, por outro lado ele é muito mais aberto e acessível, além de humano, do que mostram as “reportagens” de campanhas eleitorais e matérias da imprensa que abordam casos específicos como se fossem o retrato fiel e, segundo elas, miserável, da saúde pública de todo o país.

Há muito o que fazer na área. Como, entre outras coisas, impedir que hospitais públicos sejam paulatinamente privatizados por políticas disfarçadas ou explícitas.

E há poucas coisas que deram tão certo no país – e, como se vê, no mundo – como o SUS, criado pela Constituição Federal de 1988, que concretizou o reconhecimento do direito de acesso universal à saúde para toda a população.

domingo, 12 de junho de 2011

Axé, Mamãe Oxum



Mamãe Oxum
(adaptação: Zeca Baleiro)
Participação: Chico César

Eu vi mamãe oxum na cachoeira
Sentada na beira do rio
Colhendo lírio lirulê
Colhendo lírio lirulá
Colhendo lírio
Pra enfeitar o seu congá
Ê areia do mar que o céu serena
Ê areia do mar que o céu serenou
Na areia do mar mar é areia
Maré cheia ê mar marejou


E já que estamos em junho, mês de São João, e aproveitando a linda participação de Chico César na gravação acima, não custa lembrar a batalha do músico, que é atualmente secretário de Cultura do Estado da Paraíba e luta pela preservação das tradições nordestinas contra a música enlatada chamada forró de plástico.

No link: Chico César e a luta inglória contra o "forró de plástico"

Publicado originalmente em 10/06/2011 (23:57)

Cruzeiro 1 x 1 Santos, em Minas, foi um bom aperitivo para a final da Libertadores







Num jogo que variou de tecnicamente fraco e sonolento no primeiro tempo para um pouco mais agitado no segundo, o Cruzeiro de Cuca, prestes a acordar desempregado, não passou do 1 a 1 na Arena do Jacaré contra os 11 reservas do Santos.

Nas circunstâncias, claro que o “volume de jogo” da Raposa foi dominante diante do adversário fragilizado. Isso sem falar que toda a nação santista – dos jogadores mais identificados com as cores da bandeira alvinegra (Neymar, Léo, Elano) até o anônimo da arquibancada – só pensa na final com o Peñarol.

Aranha: grande atuação

Com tudo isso, parecia que a má sorte também conspirava contra o Peixe: com o jogo ainda 0 a 0, o time paulista perdeu o zagueiro Vinícius Simon, expulso, a 4 min do segundo tempo, e sofreu um gol de pênalti (indiscutível) cometido pelo jovem zagueiro santista Wallace, reserva do reserva, aos 9. E parecia questão de tempo para o Cruzeiro matar o jogo, fazendo 2 ou 3 a zero. Mas o time mineiro não teve tranqüilidade e ainda esbarrou na ótima atuação do goleiro Aranha, que desde o primeiro tempo fez várias defesas importantes e, ao fim e ao cabo, impediu a vitória cruzeirense.

Borges

A bola parada da qual o Santos tanto precisava – e que Muricy tanto gosta e treina - apareceu duas vezes nos minutos finais. Aos 40, bola alçada na grande área encontrou Borges livre e o artilheiro mandou para as redes. Mas o bandeirinha anulou o gol dando impedimento, inexistente. Gol legal anulado.

Mas, aos 44, a equipe de Cuca recebeu o castigo que mereceu. Pablo fez falta desclassificante em Alex Sandro, um carrinho lateral que não lhe rendeu cartão vermelho porque o árbitro Marcelo de Lima Henrique (RJ) não quis, e tomou só amarelo. Felipe Anderson, o jovem meia de 17 anos, da base, que promete ser no mínimo o sucessor de Alan Patrick (que infelizmente está de saída para o Shakhtar Donetsk da Ucrânia), alçou a bola venenosa para a área e Borges, por trás da zaga mal colocada, mandou para as redes de cabeça. 1 a 1, empate com sabor de vitória para o Santos, e de derrota para o Cruzeiro, time que cansei de ver importantes críticos da “crônica esportiva” considerarem há pouco tempo “o melhor time do Brasil” e “favorito à Libertadores”, mas que no primeiro semestre mostrou ser apenas o melhor time de Minas Gerais, e olha lá.

Como as partidas do Santos contra o Corinthians e América-MG foram adiadas pela CBF, já que o Alvinegro disputa a final da Libertadores dias 15 e 22, o Peixe (hoje com 5 pontos) só volta a atuar pelo Brasileiro dia 29 de junho, contra o Figueirense, em Floripa.

São Paulo

Digno de nota é a vitória por 3 a 1 do São Paulo de Paulo Cesar Carpegiani sobre o Grêmio de Renato Gaúcho, o quarto triunfo são-paulino nas quatro primeiras rodadas do Brasileirão, o que deixa o time do Morumbi com a liderança absoluta e isolada da competição, com 12 pontos. Acho que nem o mais otimista são-paulino esperava tanto.

Atualizado à 01:33

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Gleisi Hoffmann entra no tabuleiro


Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Como diz a sabedoria popular, há males que vêm para bem. Passado o furacão da crise Palocci e as muitas polêmicas decorrentes dele, com opiniões bastante divergentes, e até opostas, mesmo do lado progressista da blogosfera, provavelmente não há pessoa mais aliviada e satisfeita com o desfecho dessa crise do que Dilma Rousseff.

Ao nomear Gleisi nova ministra-chefe da Casa Civil, Dilma deu um passo surpreendente para que seu governo conseguisse a distância mais do que necessária de dinossauros que, como gigantescas sombras, pairavam sobre sua independência: o defenestrado Antonio Palocci e o onipresente José Dirceu, que, diz-se por aí, tinha outra carta na manga para ocupar o lugar vago na Casa Civil.

Fora isso, a curitibana Gleisi Hoffmann, até a semana passada conhecida como senadora pelo PT-PR e “mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo”, tem um perfil e trajetória mais do que interessantes, até pelas semelhanças com o caminho percorrido por Dilma para chegar à histórica (saudada mundialmente) conquista da presidência da República do Brasil.

Sua militância começou no movimento estudantil, no segundo grau. Filiada ao PT em 1989, formada em Direito, secretária de Estado no Mato Grosso do Sul no governo de Zeca do PT e secretária de Gestão em Londrina (PR), em âmbito federal Gleisi atuou, como Dilma, na equipe de transição de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Depois, foi diretora financeira da Itaipu Binacional, no primeiro mandato de Lula.

Também como a presidente da República, assume a Casa Civil após uma crise. Em 2005, Dilma, então ministra das Minas e Energia e conhecida por sua competência como gestora, substitui José Dirceu, levado pelos ventos do furacão chamado “mensalão”. Em 2011, a senadora Gleisi entra no lugar de Antonio Palocci, nas circunstâncias de todos conhecidas.

Gleisi Hoffmann é conhecida por sua atuação extremamente combativa no Senado Federal em defesa do governo do qual agora é peça importante. É estranho, mas um dos maiores problemas do PT, a renovação de seus quadros, carente de novas grandes lideranças, parece estar sendo resolvido como que a fórceps. No caso de Dilma, pelo menos, a solução encontrada em 2005 foi mais do que satisfatória.

Mas a ascensão de Dilma pegou a todos, oposição, mídia e aliados, em maior ou menor grau, de surpresa. Até por isso, no caso da nova ministra da Casa Civil, os olhos vão estar atentos desde já.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Aplausos para Ronaldo, vaias para selecinha de Mano Menezes

Aqui no bairro onde moro, Butantã, em São Paulo, quando Ronaldo entrou em campo aos 30 do primeiro tempo, muito mais gordo do que o gordo dos tempos de Corinthians, fogos espoucaram.

Reprodução
 Quase fisicamente impossibilitado de se movimentar, ainda assim, nas poucas vezes em que pegou na bola, não errou passes, quase todos de primeira. Por três vezes, teve a chance de marcar o gol da despedida. Em duas delas, passes de Neymar, o goleiro romeno Tatarusanu salvou. Na outra, passe de Robinho (que a mídia brasileira parece detestar), ele chutou bisonhamente por cima.

A passagem do Fenômeno hoje pelo estádio do Pacaembu, claro, foi apenas simbólica. Mas a lenda Ronaldo será lembrada enquanto existir futebol. Pela seleção brasileira, segundo a CBF, com 67 gols em 105 partidas com a de hoje, só marcou menos gols do que Pelé, que fez 95. É o maior artilheiro da história das Copas do Mundo, com 15 gols, contra 14 de Gerd Müller, da Alemanha. Ganhou duas Copas do Mundo (1994, sem atuar, e 2002, quando decidiu).

Eu não tenho o que acrescentar ao que já disse de Ronaldo além do que escrevi no post quando o Fenômeno anunciou que parava de jogar pelo Corinthians, post em que você pode ver alguns gols históricos do craque:

Ronaldo, o Fenômeno, foi um dos maiores

Joguinho sem vergonha

Já o joguinho do Pacaembu em que a seleção venceu por 1 a 0 o time reserva da Romênia (vejam bem, reserva), para mim, só mostrou uma coisa: o time de Mano Menezes ainda não encontrou um esquema de jogo e, na Copa América, na Argentina, ou a equipe joga futebol ou a batata de Mano vai assar.

Dizer que o treinador não teve tempo de treinar é balela. Seleção sempre é assim e ele já está no comando há 11 meses. Ainda não ganhou nenhum jogo importante. Perdeu de Argentina e França e empatou com a Holanda.

Uma observação: ter deixado Neymar jogar durante quase toda uma partida amistosa e festiva, com risco de se machucar e desfalcar o Santos na Libertadores, foi para mim algo que só pode ser chamado de sacanagem de Mano Menezes. Ou insegurança, já que em seu time desconjuntado e sem o menor padrão tático, tudo dependeu de Neymar. Até os dois passes que Ronaldo poderia aproveitado na festa e o gol de Fred.

Não à toa, a selecinha de Mano Menezes saiu de campo vaiada nas duas vezes em que entrou em campo esta semana no Brasil. Hoje no Pacaembu e sábado no Serra Dourada, quando ficou no 0 a 0 com a Holanda.

Mano parece um treinador igrejeiro, ou teria características menos prosaicas e mais próximas às mais condenadas em Vanderlei Luxemburgo? Para a lateral esquerda, prefere por exemplo levar André Santos, que foi seu comandado no Corinthians, mas não leva Marcelo, do Real Madrid. Da mesma maneira, escolhe Elias (que, como André Santos, deu certo no Corinthians, e só) quando poderia levar Hernanes, que teve uma temporada espetacular na Lazio.

Confira a seleção convocada para a Copa América:

Goleiros: Julio César (Inter de Milão), Victor (Grêmio); Laterais: Daniel Alves (Barcelona), Maicon (Inter de Milão), André Santos (Fenerbahçe), Adriano (Barcelona); Zagueiros: Lúcio (Inter de Milão), David Luiz (Chelsea), Luisão (Benfica), Thiago Silva (Milan); Volantes: Ramires (Chelsea), Lucas Leiva (Liverpool), Sandro (Tottenham); Meias: Elano (Santos), Elias (Atlético de Madri), Paulo Henrique Ganso (Santos), Jadson (Shakhtar Donetsk), Lucas (São Paulo); Atacantes: Neymar (Santos), Robinho (Milan), Fred (Fluminense), Alexandre Pato (Milan)

terça-feira, 7 de junho de 2011

"Palocci não resiste e deixa o governo" – o mantra das próximas horas

Bom, a notícia de que o agora ex-ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu demissão no final da tarde desta terça já é fato consumado.

Eu continuo achando o que achava antes. Que quem ganha com sua queda é quem quer ver o governo envolvido em turbulências. Não se trata, no meu caso pelo menos, de defender Palocci e sua falta de ética ou suposta falta de ética. Como disse em comentário ao post abaixo, as pessoas esqueceram facilmente a gigantesca contribuição de Palocci para Lula ter sido eleito, e para Dilma ter sido eleita.

O ex-ministro caiu sem sequer uma prova contra suas atividades, satisfazendo a chamada "grande mídia", muitos correligionários petistas e a oposição demo-tucana.

"Palocci não resiste e deixa o governo" – repetido com um regozijo indisfarçável – vai ser o mantra das próximas horas. Haja unanimidade.

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*PS: Uma fonte me envia por e-mail algumas sugestões interessantes.

Diz, por exemplo, que alguém do PT (“adivinha quem?”) estava por trás do "fogo amigo" contra Palocci.  “Dou uma pista... suas iniciais são J. D. Por trás de tudo estava ele!” Segundo essa fonte, JD só não conseguiu colocar quem ele queria na Casa Civil, pois foi surpreendido pela pronta nomeação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). “O candidato de JD para Casa Civil era o Francklin Martins.”

E essa minha fonte acrescenta: “Repare bem que JD pouco ou nada defendeu o Palocci no blog que tem” (é verdade) e lembra no e-mail que “no último ato quem mostrou as unhas contra Palocci foi o próprio PT, um certo pedação do PT”.

E minha fonte conclui: “Vamos ver como será o Brasil de uma vez por todas nas mãos de Dilma, sem intermediários, seja Palocci, seja J D”.

*Atualizado às 21:50

A guerra começou com o caso Palocci

Perdida como cachorro que cai de mudança desde o processo eleitoral do ano passado, a oposição agarrou-se ao caso Palocci como aquele ator esquecido e decadente que de repente se descobre no palco, representando o papel principal de uma peça meia-boca, e a ela se entrega como nos tempos em que era Hamlet.

Como sempre, a euforia da claque reverbera na mídia, e chega uma hora em que ninguém sabe o que vem antes, se o ovo ou a galinha, ou melhor, se as notícias e manchetes cozidas e requentadas ou os comentários dos “atores” políticos eufóricos com a sensação de protagonismo que lhes proporciona a claque.

Particularmente, nunca achei que Palocci devesse ter voltado ao coração do governo. Se é um homem da conta de Lula e se, por ter a simpatia da Fiesp, o governo e Dilma acharam que seu telhado de vidro seria poupado, foram ingênuos e caíram na armadilha. Desde sempre, Palocci era um alvo fácil. Mas, se Palocci era um alvo fácil desde o princípio, agora, como escreveu Miguel do Rosário no blog Óleo do Diabo, “A guerra começou, e o governo Dilma não vai ganhar pontos se demitir Palocci por conta de acusações sem prova”. A guerra que esperávamos desde a eleição de Dilma começou. A mídia, como fez desde o primeiro mandato de Lula, não vai descansar enquanto, se puder, não queimar todos os quadros do PT que ameaçarem, inclusive, o reinado interminável da direita no Estado de São Paulo. E, por isso, que se cuidem figuras como o prefeito de Osasco Emidio de Souza, por exemplo, entre outros paulistas.

Curioso é que até o ministro-chefe da Casa Civil demonstra ingenuidade. Por exemplo, ao ser perguntado por Julio Mosquéra, na TV Globo, dia 3, sobre por que não apresentava provas de sua inocência (pergunta também ingênua), Palocci se esforçou e não conseguiu apontar o mais óbvio: quem tem que apresentar provas não é quem acusa, cara pálida, segundo a Constituição do Brasil?

Presença de Chávez é usada com ironia.
Foto: Antonio Cruz/Agencia Brasil

Voltando à decisão de Roberto Gurgel: afinal, não estavam todos esperando que o procurador-geral da República, no tempo de Geraldo Brindeiro conhecido como “engavetador-geral da República”, concluísse seu relatório? Pois, no documento em que conclui pelo arquivamento, o atual procurador-geral Roberto Gurgel diz que as quatro representações propostas pela oposição [PPS, DEM e PSD] “não vieram instruídas com qualquer documento. Nenhum elemento que revelasse, ainda que superficialmente, a verossimilhança dos fatos relatados”. Gurgel relatou também que “as representações ora em análise e as matérias jornalísticas a que se referem não contêm, reitere-se, a descrição de um único fato que constitua causa idônea e hábil a autorizar o requerimento de quebra de sigilo do representado, de sua empresa e de eventuais clientes”.

Arquivado o caso, o teatro do insólito jogo do ovo-e-da-galinha na imprensa segue célere. "Queremos manter viva a investigação e estamos estudando os caminhos jurídicos para isso", vocifera o ínclito líder do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA). A Folha dá manchete usando o verbo, para exprimir a indignação de tantos, como o deputado baiano, que partilham da luta do grupo Folha por um Brasil melhor: “Procurador-geral poupa Palocci de investigações”.

No Uol: “Oposição quer explicações de procurador sobre caso Palocci”. Numa brincadeira mental sem maiores intenções, vejo a chamada invertida e a leio: “Oposição: Uol quer explicações de procurador sobre caso Palocci”.

Em vários veículos na Web, repercute opinião da OAB, segundo a qual a decisão de Roberto Gurgel é “uma senha para a impunidade neste país”.

E a ansiosa Dora Kramer, do trono da moralidade em que vislumbra a pátria livre da corrupção e de qualquer sombra de impunidade, sentencia: “o que se tem é uma presidente à frente de um governo refém das circunstâncias e das pressões”.

Para terminar. A presença do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ontem, no Brasil, claro, é também capitalizada, subliminar ou ironicamente, na cobertura do caso Palocci. Como se o fato, bastante destacado, até em espanhol, de o demoníaco venezuelano ter dito a Palocci “Fuerza, fuerza” fosse a prova mais cabal da verdade escondida.

*PS: Depois de postar é que vi a informação extraordinariamente relevante postada pelo Fernando Rodrigues em seu blog. Segundo ele apurou com o “perito em veracidade” Mauro J. Nadvorny, na entrevista ao JN dia 3 Palocci não foi “verdadeiro” ao atribuir o aumento do faturamento de sua empresa no fim de 2010 ao encerramento dos contratos de consultoria que possuía.

A importância de tal informação é comparável à do ano passado, quando, em pleno processo eleitoral, o gênio da astrologia Oscar Quiroga, do Estadão, previu que José Serra seria eleito presidente da República.

A Era Vargas

A propósito de tudo isso, vem muito a calhar o lançamento em DVD da caixa com três filmes de Eduardo Escorel, A Era Vargas. Para quem gosta de história, da história que se repete, como farsa ou não, é um prato cheio. Vou postar em breve comentários sobre a obra.

*Atualizado às 16h01

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Livro de Monteiro Lobato: bom senso de Haddad, aparentemente, prevalece



O Conselho Nacional de Educação (CNE) teve que voltar atrás no parecer que classificava como racista parte da obra Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, e que pretendia, na prática, proibir o livro nas escolas públicas.

Segundo a Agência Brasil da última sexta-feira, 3 de junho, “o texto final do novo parecer ainda não foi publicado, mas irá sugerir que a obra seja contextualizada pelos professores quando utilizada em sala de aula”.

Ainda de acordo com a ABr, em nota o CNE afirmou sobre o novo parecer que “uma sociedade democrática deve proteger o direito de liberdade de expressão e, nesse sentido, não cabe veto à circulação de nenhuma obra literária e artística. Porém, essa mesma sociedade deve garantir o direito à não discriminação, nos termos constitucionais e legais, e de acordo com os tratados internacionais ratificados pelo Brasil”.

Em novembro do ano passado, o ministro Fernando Haddad rejeitou o parecer n° 15/2010 do CNE que classificava como racista a obra Caçadas de Pedrinho e, em última análise, pretendia proibir o livro nas escolas. Tanto pretendia que o “Assunto” do processo que aguardava homologação (íntegra aqui) afirmava expressamente, mas com o eufemismo ("se abstenha") natural a processos kafkianos: “Orientações para que a Secretaria de Educação do Distrito Federal se abstenha de utilizar material que não se coadune com as políticas públicas para uma educação antirracista”.

Sensato ao rejeitar em novembro o autoritarismo do parecer do CNE e forçá-lo a rever os termos com que abordou a questão no processo, Haddad disse no último dia 27 de maio em Osasco, onde esteve para inaugurar o campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ao ser questionado sobre o tema, que “da maneira como a questão está sendo trabalhada, não é censura", adiantando o novo entendimento do CNE que estava para ser divulgado sobre a questão e admitindo que antes havia censura, sim, como se dissesse: “da maneira como estava sendo trabalhada, havia censura”.

Como eu disse em post recente, mas sobre outro assunto, "ao Estado não cabe censurar livros, que é uma das primeiras medidas das tiranias".

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Santos x Peñarol fazem final da Libertadores e revivem 1962




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Finais da Libertadores
2011



15 de junho – Peñarol x Santos – Montevidéu
22 de junho – Santos x Peñarol – São Paulo (Pacaembu) - Leia clicando aqui sobre o jogo que deu o tri ao Santos - atualizado às 16:08 de 23 de junho de 2011)

O Vélez Sarsfield ganhou do Peñarol na noite de ontem, 2 de junho, em Buenos Aires, por 2 a 1, pela outra semifinal da Libertadores (vi o tape na íntegra). Mas, como o time uruguaio havia vencido por 1 a 0 o jogo de ida em Montevidéu, classificou-se pelo critério de gol marcado fora de casa. Impressionante a dramaticidade desse jogo, no campo, nas arquibancadas do estádio El Fortin de Liniers.

Com isso, Santos x Peñarol farão a final da Libertadores, repetindo o duelo de 1962, quando o time da Vila bateu o adversário e se sagrou campeão continental pela primeira vez. O Santos chega à final depois de oito anos (em 2003 perdeu para o Boca Juniors). O Peñarol, após 24 anos (em 1987, venceu em final de três jogos o América de Cáli e foi campeão).

O time uruguaio tem cinco títulos (1960, 1961, 1966, 1982 e 1987). O Santos, dois (1962 e 1963).
O Peñarol eliminou o Vélez com justiça. O time preto e amarelo é difícil de bater, pois joga muito bem fechado, sai em contra-ataques bem organizados e tem um atacante perigoso na frente, Martinuccio, que lembra Valdívia do Palmeiras. Creio que o Santos pode levar certo favoritismo, com Neymar diante dos zagueirões pesadões (eles jogam com quatro zagueiros!) . Mas favoritismo em Libertadores é muito relativo.

É histórica essa final de duas grandes camisas voltar a acontecer. Mas acho que o Vélez, um time mais rápido e ofensivo, mas meio confuso e inseguro, seria mais fácil na final. Se pudesse escolher, eu preferiria que o jogo de volta fosse no Morumbi, porque cabe mais torcida e o campo é maior (o que é melhor contra um time retrancado).

Reproduzo abaixo comentário enviado por Alexandre ao post abaixo, antes de eu postar este:

“Que jogo esse, hein, Valez 2x1 Peñarol. Merecidamente o Peñarol é um dos finalistas nessa edição de Libertadores passados 24 anos, fazendo jus ao futebol uruguaio, quando na apresentação da última copa do mundo chegou à semi final com um bom futebol, em destaque o atacante Diego Forlan. E curiosamente, nessa última copa, o Uruguai chega a uma semifinal (contra a Alemanha, perdeu de 3 x 2 [na disputa do 3° lugar]) depois de quarenta anos. Coincidentemente chega à final de Libertadores, o Peñarol, contra o Santos. Sinal que o futebol uruguaio novamente dá as caras. Bela decisão. Santos x Peñarol." (Alexandre).

*Atualizado às 17h40 de 7/06/2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Vamos ser tri, Santos?

Com o empate Cerro Porteño 3 x 3 Santos nesta quarta-feira, 1° de junho, Peixe está na final da Libertadores, e vai pegar Vélez ou Peñarol na decisão

“Vamos fazer o jogo que a gente gosta, que é o contra ataque”, disse Muricy antes do jogo. Tenho minhas dúvidas sobre esse gostar de contra-ataque em se tratando de Santos, mas o fato (e etc.) é que o Santos está na final da Libertadores. Aquele que foi o maior time do mundo – e em que em alguns aspectos espirituais continua sendo – chega apenas a sua quarta final de Libertadores: ganhou duas (1962 e 63) e perdeu uma (2003).

Neymar marca terceiro gol
 Não vou fazer análises sobre a partida, essas coisas. Acho que Léo fez muita falta na lateral esquerda. Tecnicamente mesmo. Durante boa parte do primeiro tempo Alex Sandro poderia complicar o time. Inseguro, errou vários passes, tomou bola nas costas e levou cartão amarelo em pouco tempo.

Mas o gol de Zé Love a 2’ do primeiro tempo, mesmo que os santistas não soubéssemos, aflitos que estávamos, selou a profecia do amigo Glauco, do Futepoca, que intuiu antes do jogo que o Zé queimaria nossa língua, ou sei lá a língua de quantos santistas.

Fora o gol do Zé Eduardo logo de cara num cruzamento de falta cobrada por Elano, sofrida por (quem?) Neymar, o frango do goleirão Barreto e o primeiro tempo ter acabado 3 a 1 para o Santos era tudo o que a nação santista sonhava para se considerar na final.

Gamarra: "é só ficar olhando"

O terceiro gol do Alvinegro foi lindo, e básico. O ex-zagueiro Gamarra havia afirmado que não via dificuldades em marcar Neymar: "é só ficar olhando", dissera o paraguaio. Mas Arouca saiu com a bola dominada pelo meio campo, demorou muito (é verdade) para passar a bola enquanto Neymar fazia o possível para não ficar em impedimento, e no limite o volante passou (ufa) e Neymar matou. E palavra que eu gostaria de, jornalista que sou, perguntar agora a Gamarra ou a Larissa Riquelme: “te gusta Neymar?”



45 minutos finais

No segundo tempo, para os santistas mais cardíacos, deu um certo temor, porque futebol ... Sabe como é. Não me agradou nem um pouco a substituição feita por Muricy quando tirou Elano (que continua apático) para pôr Rodrigo Possebon. Na minha humilde opinião, se colocasse o meia Alan Patrick o treinador atrairia muito menos o adversário a seu campo. O segundo tempo do Santos foi o real bumba-meu-boi, chutão pra todo lado. Feio. Mas os dois gols do Cerro Porteño levaram ao 3 a 3 e faltaram ainda dois gols pros paraguaios.

Enfim, o Santos fará a final da Libertadores contra Vélez Sarfield ou Peñarol. Eu não acho que nenhum dos dois seja mais fácil ou difícil. Só torço para ser com o Peñarol porque seria uma final mais bonita, de duas grandes camisas, lembrando 1962, quando o Peixe foi campeão pela primeira vez.

Ao contrário do que amigos santistas pensam, acho que seria melhor jogar contra o Vélez, que joga mais futebol, e portanto poderia fazer conosco um jogo mais favorável, porque mais aberto. Mas isso pode ser só uma impressão de momento.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Vamos pra cima do Cerro, Santos!


Desfalcado do lateral esquerdo Léo, mas com o retorno do direito Jonathan, o Santos entra no estádio Olla Azulgrana (Assunção) hoje, 1° de junho, para o duelo decisivo da semifinal da Libertadores 2011, contra o Cerro Porteño, às 21:50, salvo surpresas (o que não é do estilo de Muricy) com o seguinte time:

Rafael; Jonathan, Edu Dracena, Durval e Alex Sandro; Adriano, Arouca, Danilo e Elano; Neymar e Zé Eduardo (transmissão: Globo e Sportv 2).

Veja vídeo postado pela assessoria do Santos F. C. com lances de outras partidas entre Santos x Cerro em 2011


Para chegar à quarta final de sua história na Libertadores, o Alvinegro precisa do empate. Até qualquer derrota por um gol de diferença serve, desde que marque pelo menos um. É uma vantagem e tanto, considerando que o Peixe nunca perdeu jogando no Paraguai (foram seis jogos, com três vitórias e três empates, segundo matéria do Uol). Se acabar 1 a 0 para o Cerro, a decisão será nos pênaltis.

Muricy Ramalho disse que o time não vai ficar na defesa e que o principal cuidado é com a bola aérea paraguaia.

Na última partida realizada em Assunção, pela fase de grupos da atual edição, o Santos precisava vencer e conseguiu a classificação batendo o mesmo Cerro Porteño por 2 a 1, dia 14 de abril, data do aniversário de 99 anos do clube, gols de Danilo e Maikon Leite.

No jogo de ida da semifinal, Santos 1 a 0, gol de Edu Dracena.

Até mais tarde.