quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cai na Justiça decreto que destina leitos de hospitais públicos a setor privado


O jeito tucano de governar São Paulo deu uma tropeçada na Justiça.


Da Agência Brasil

A Justiça paulista decidiu hoje (30) suspender os efeitos de um decreto estadual que possibilita a destinação de 25% dos leitos de hospitais públicos gerenciados por organizações sociais para beneficiários de planos de saúde.

O juiz Marcos de Lima Porta, da 5ª Vara da Fazenda Pública Central, concedeu a liminar atendendo a uma ação civil pública, movida pelo Ministério Público de São Paulo, que pediu a suspensão dos efeitos do Decreto nº 57.108, assinado em julho deste ano. O texto prevê que os hospitais estaduais gerenciados por organizações do terceiro setor ficam autorizados a atender, de forma diferenciada, os clientes de planos de saúde, cobrando o ressarcimento diretamente das operadoras de convênios.

Na decisão, o juiz afirmou que o decreto “afronta o Estado de Direito e o interesse público primário da coletividade”. Caso os agentes públicos descumpram a determinação da Justiça, serão multados em até R$ 10 mil por dia.

Nota do blog: vamos ver até quando a decisão do juiz resiste diante dos recursos que fatalmente virão por parte do governo paulista.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Torcedores de organizadas veem UFC como inspiração para encontro com rivais


Ainda a propósito do tema do post anterior (abaixo ou aqui ), sobre a nova febre por lutas UFC, uma informação relevante.

Na segunda-feira, 29, foi encontrado, por parentes, o corpo de um corintiano boiando no rio Tietê. A informação do tio, à rádio CBN, foi de que o rapaz de 27 anos estava desaparecido desde sábado à noite. Na quadra de uma torcida organizada do Corinthians ele e outros membros se reuniram para assistir às lutas da UFC, de onde saíram para um "encontro" com torcedores do Palmeiras, conta o parente.

Claro, esse tipo de "encontro" entre torcidas rivais, pré-agendado pela internet, já existe há tempos. Mas é muito simbólico que o "aperitivo", a "inspiração", tenha sido justamente a luta.

Informação e link enviados por Carmem. Ouça o áudio.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MMA: rinha de seres humanos ou de animais?

DECADÊNCIA

Como se já não bastasse Big Brother Brasil, o crescimento de uma religiosidade fanática e mercantilista e todas as excrescências televisivas atuais, agora temos ainda que aturar mais um lixo pernicioso, a vulgar (pois até o boxe tem sua nobreza) MMA


Entende-se que espetáculos sanguinários existissem na Roma antiga há mais de 20 séculos. Mas hoje, em pleno século XXI? Em Roma, havia nas arenas as famosas lutas de gladiadores (escravos, prisioneiros e outros proscritos) entre si ou contra feras selvagens, combates que só acabavam com a morte. Muito mais brutal do que o boxe, essa modalidade funesta chamada MMA (Mixed Martial Arts – "artes marciais misturadas", em português) que hipnotiza e como que anestesia uma legião de sádicos cabe muito bem na análise do professor Voltaire Schilling sobre as arenas romanas, publicada no site de educação do Terra:

A história dos espetáculos de massa patrocinados pelos romanos nos magníficos tempos da República Imperial prestou-se como exemplo vivo das possibilidades de manipulação das massas por parte das suas elites dirigentes. Tratou-se do célebre panem et circenses apregoado pelo poeta Juvenal como a melhor forma de manter o povo cordato aos olhos dos dirigentes. As terríveis cenas na arena do anfiteatro (...) foram apontadas como prova da crueldade do conluio entre o patriciado e a plebe romana.

Em Roma, não havia clemência?
Havia nas munera gladiatoria uma intenção pedagógica: acostumar o povo, a massa romana, à política dos césares, à política de coerção e de repressão que o Império Romano aplicava sobre os povos dominados. Tornavam a plebe cúmplice nas atrocidades cometidas pelas legiões na conquista e na preservação do império. O povo romano era, por meio dos espetáculos sangrentos, treinado para uma tarefa que obviamente não poderia ser exercida com piedade e com coração enternecido. Via-se na arena o que os centuriões praticavam lá fora.”

Claro, a morte não é o objetivo final dessas lutas grotescas de hoje, que, nesse sentido, são mais "humanas" (sic), claro. Evoluímos desde os romanos, senhoras e senhores.

Seja como for, pensei e disse esses dias a uma mesa de bar, onde ao fundo ocorria uma luta do tipo: curioso, por que rinha de galo é proibida e rinha de seres humanos não? “Talvez porque o humano escolhe estar lá, enquanto o galo não pode escolher”, respondeu-me a Eminência Parda. Em outras palavras, o gênero humano é mais imbecil do que possa supor a nossa vã filosofia.

Leia também: Lembrando Pasolini a partir de Big Brother Brasil

domingo, 28 de agosto de 2011

Corinthians termina primeiro turno como líder. Mas faltam 19 rodadas


Após a rodada de encerramento do primeiro turno, com vários clássicos estaduais, Timão perde o derby mas é líder. Santos e São Paulo ficam no empate. Grêmio bate o Inter e o Galo ruma para o abismo. Veja os gols de Santos 1 x 1 São Paulo e Palmeiras 2 x 1 Corinthians abaixo.


Clique na tabela para ampliar
Print do Cartão Laranja
Pronto, terminou o primeiro turno do Campeonato Brasileiro no superdomingo de clássicos. O Alvinegro do Parque São Jorge mantém a liderança, embora nesta segunda-feira os corintianos tenham que encarar as gozações inerentes ao fato mais marcante do domingo para a Fiel, a derrota no derby de São Paulo: Palmeiras 2 x 1 Corinthians. O time comandado por Tite continua em sua trajetória descendente, mas para sua sorte o Flamengo estacionou. Mas o Botafogo vem subindo, o São Paulo e o Vasco estão apenas dois pontos atrás.

Santos 1 x 1 São Paulo foi um jogo (o que vi no domingo) menos empolgante do que pareceu que seria no início. Mas isso porque jogar com o São Paulo não é fácil. A tática do time do Jardim Leonor na primeira metade do primeiro tempo foi bater, uma tática de timinho. Tanto que aos 15 minutos do primeiro tempo já tinha dois cartões amarelos, embora merecesse mais. Aos 29, Carlinhos Paraíba já era expulso, por jogo violento (dois amarelos). Mesmo com um jogador a mais a partir daí, o Santos não conseguiu impor o fator casa e, graças ao talento de Lucas, terminou a primeira etapa perdendo  de 1 a 0.

No segundo tempo, quando tudo parecia indicar a vitória são-paulina, Paulo Henrique Ganso – que não jogara rigorosamente nada até então – empatou o jogo num petardo que entrou no ângulo de Rogério Ceni. O 1 a 1 final foi justo.

Grande jogo foi Fluminense 1 x 2 Botafogo, no sábado, que vi. Quinto colocado, apenas três pontos atrás do Corinthians, o time de General Severiano é uma boa surpresa, principalmente porque está não apenas ganhando como jogando um futebol insinuante, rápido e inteligente, com Renato organizando o meio campo e Loco Abreu comandando a linha de frente. Vasco e Flamengo ficaram no 0 a 0, em partida marcada pelo grave problema sofrido por Ricardo Gomes.

Grêmio 2 x 1 Internacional, nenhuma surpresa. Diziam que o Inter era favorito, o que é um equívoco, pois nem mesmo o maior rival do Grêmio pode ser considerado favorito no Olímpico. Deu a lógica.

E Atlético-MG 1 x 2 Cruzeiro também foi lógico, e só mostrou que o Galo caminha a passos largos e resolutos para a segunda divisão.

No clássico catarinense, Figueirense 2 x 3 Avaí. E no clássico nordestino, Ceará 3 x 0 Bahia.

Sobre a liderança do Corinthians ao fim do primeiro turno, uma palavra. Desde que o Brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos, em 2003, foram oito campeonatos. Em seis deles os “campeões” da primeira fase garantiram a taça no final: Cruzeiro (2003), Santos (2004), Corinthians (2005), São Paulo (2006 e 2007) e Fluminense (2010).  Apenas São Paulo e Flamengo, campeões em 2008 e 2009, não terminaram o primeiro turno na liderança. Grêmio e Internacional, respectivamente, eram os líderes ao fim da metade inicial naquelas temporadas.

Veja os gols de Santos 1 x 1 São Paulo




Os gols de Palmeiras 2 x 1 Corinthians

Atualizado à 01:00

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

José Dirceu acusa repórter da Veja de tentar invadir seu apartamento em hotel


O ex-deputado petista e ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, postou em sua página na internet, o Blog do Zé, uma grave denúncia contra o repórter da revista Veja Gustavo Nogueira Ribeiro. “Depois de abandonar todos os critérios jornalísticos, a revista Veja, por meio de um de seus repórteres, também abriu mão da legalidade e, numa prática criminosa, tentou invadir o apartamento no qual costumeiramente me hospedo em um hotel de Brasília”.
Foto: Eduardo Maretti
Dirceu escreveu que, na tarde de quarta-feira, 24, o jornalista “se registrou na suíte 1607 do Hotel Nahoum, ao lado do quarto que tenho reservado” e, dirigindo-se a uma camareira, “alegando estar hospedado no meu apartamento, simulou que havia perdido as chaves e pediu que a funcionária abrisse a porta”.

De acordo com o relato, a camareira informou à direção do hotel sobre a tentativa de invasão. “Desmascarado, o infrator saiu às pressas do estabelecimento, sem fazer check out e dando calote na diária devida”.

O hotel registrou o fato em boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial (abaixo).

José Dirceu afirma ainda que, mesmo assim, o jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro teria feito outra tentativa. “Os procedimentos da Veja se assemelham a escândalo recentemente denunciado na Inglaterra. O tablóide News of the Word tinha como prática para apuração de notícias fazer escutas telefônicas ilegais. O jornal acabou fechado, seus proprietários respondem a processo, jornalistas foram demitidos e presos.”

Clique nos links para ver a íntegra do boletim de ocorrência, dividido em três páginas:

Página 1

Página 2

Página 3

Amanhece em Trípoli


Às 23h45 de Brasília, são 04h45 de sexta-feira, mais um dia da guerra civil em Trípoli. A capital da Líbia está dominada pelos rebeldes mas Khadafi continua desaparecido e resiste, embora seu governo seja considerado extinto pela chamada comunidade internacional e pelos que o combatem em seu país. O texto abaixo é da BBC:

"Enquanto a caçada ao coronel Muamar Khadafi prossegue, dois dias após a tomada de seu quartel-general pelas forças rebeldes da Líbia, jornalistas da BBC testemunharam os primeiros sinais de massacres nos confrontos ocorridos na capital, Trípoli."

As imagens, desta quinta-feira, 25, são via Al Jazeera.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A cidade de Gilberto Kassab

São Paulo vive um dos mais graves momentos de sua história. Sob a gestão do atual prefeito, comunidades e bairros inteiros são vítimas de projetos excludentes, autoritários e inaceitáveis

Foto: Edu Maretti

A foto acima (clique nela para ampliar) foi feita agora há pouco, na esquina da avenida Corifeu de Azevedo Marques e rua Nossa Senhora da Assunção, no Butantã, próximo à USP. A imagem tomada pelo lixo é literalmente uma metáfora da situação moral e administrativa que vive a cidade de São Paulo gerida pelo prefeito Gilberto Kassab, ex-DEM, e agora tentando viabilizar o fantasmagórico PSD.

A política de Kassab é excludente, privatizante, elitista e, para resumir, claramente fascista.

Fora o problema de uma cidade mal cuidada, administrada segundo interesses bem definidos (por exemplo, asfalto novo em bairros nobres e ruas esburacadas em bairros menos nobres), fora o lixo, o fechamento de vagas nos albergues e outras mazelas, há os projetos que são verdadeiras aberrações urbanas e sociais. Confira alguns:

1) Está pendente de decisão no Tribunal de Justiça de São Paulo ação judicial contra a Lei municipal 14.917/09. A lei, para fazer cumprir o objetivo de revitalização da região de Santa Ifigênia/Luz (centro de da capital), simplesmente delega a empresas privadas o poder de desapropriar imóveis, e autoriza que até 60% dos imóveis do bairro sejam desapropriados e demolidos por e para exploração de empresas particulares. O relator do processo no TJ, desembargador Sousa Lima, já votou pela legalidade da lei. O julgamento foi suspenso e adiado a pedido do desembargador Roberto Mac Cracken. A nova data para a decisão do TJ seria exatamente esta quarta-feira, 24 de agosto.
* (Atualizado às 18:27 de 24/08) - E, infelizmente para a cidade e os moradores, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu agora há pouco, por unanimidade, manter a lei 14.917/09, autorizando a continuidade do projeto de Kassab.

A ação foi movida pelo Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico e Aparelhos Eletrodomésticos no estado de São Paulo (Sincoelétrico), em nome de lojistas da região da Santa Ifigênia. Segundo o site Santa Ifigênia On Line , as remoções arbitrárias de moradores da região para a implantação do projeto Nova Luz “estarão entre as novas denúncias da relatora da ONU para moradia adequada, Raquel Rolnik”, para quem o projeto caracteriza uma política de “terra arrasada” e vai destruir o último bairro com “traçado urbanístico do século 18”.

2) A construção do futuro estádio do Corinthians em Itaquera, zona Leste, também é objeto de inúmeras denúncias de desrespeito a direitos e desapropriações compulsórias. Tanto esse caso como o da Santa Ifigênia e do projeto da Água Espraiada (veja abaixo) serão denunciados à ONU, diz Rolnik.

3) O PL 25/2011, aprovado na Câmara Municipal pela maioria kassabista, prevê a construção de um túnel de 2,7 quilômetros para ligar a avenida Roberto Marinho (antiga Água Espraiada) à Rodovia dos Imigrantes. Aproximadamente 40 mil pessoas que moram nas favelas da região serão sumariamente removidas, e para isso receberão uma bolsa-aluguel de 300 reais para deixar seus lares. Imagine o que se pode fazer com 300 reais. Custo da obra? R$ 4 bilhões, isso mesmo, 4 bilhões de reais, quatro vezes o valor estimado do Itaquerão. A comunidade do Jabaquara criou o blog Tragédia Social no Jabaquara para tentar combater o projeto.

4) O prefeito de São Paulo conseguiu também fazer aprovar por seus cordeiros que atendem pelo apelido de vereadores a lei 15.397/2011, que permite a venda de um terreno de 20 mil metros quadrados no Itaim-Bibi, zona Sul de São Paulo. Ali funcionam uma creche, uma pré-escola, uma escola, um posto de saúde, um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), um teatro, uma biblioteca e uma unidade da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

Por enquanto, essa lei absolutamente inaceitável está suspensa por julgamento do juiz Adriano Marcos Laroca, da 8ª Vara de Fazenda Pública da capital. O juiz se baseia, entre outros, no argumento de que o local que Kassab quer doar à iniciativa [privada] é objeto de tombamento no Condephaat, órgão estadual de preservação do patrimônio histórico e cultural.

Atualizado à 01:26

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Kléber era corintiano? E daí?


O clássico Palmeiras x Corinthians, marcado para o próximo domingo, 28, já começou, com a divulgação da suposta ficha de inscrição do atacante palmeirense Kléber na torcida Gaviões da Fiel, como o integrante número 57.619, em 23 de novembro de 2001.

Foto: VipCOMM
Não gosto de Kléber, muito menos de seu cotovelo, mas pergunto: e daí se com 16 anos o então adolescente era corintiano? E se ainda é? A “notícia” nem quente é. Foi revelada pelo jornalista Maurício Noriega, do SporTv, no livro Kléber, o Gladiador, ano passado. A continuar nessa toada, sendo objeto de uma polêmica atrás da outra, o apelido do atacante vai mudar. Ao invés de Gladiador, será chamado de Pára-Raio.

São muitos os jogadores, de ontem ou de hoje, que não jogam por seu time do coração. O mais célebre de todos é o doutor Sócrates, hoje convalescendo de problemas de saúde. Verdadeira lenda da história do Corinthians, nunca negou que seu clube do coração era o Santos. Outro santista, atualmente o melhor jogador do Palmeiras, é o volante Marcos Assunção. O meia Ibson, recém-contratado pelo Santos, é declaradamente flamenguista, onde jogou desde a base.

Seguem esses e alguns outros exemplos

Sócrates – santista.

Marcos Assunção (atualmente no Palmeiras) – santista.

Denílson (hoje comentarista, ex-São Paulo) – disse ter sido corintiano até os 11 anos.

Ibson (atualmente no Santos) – flamenguista.

*Léo Lima – afirmou: “No Flamengo, eu tocava na bola e era vaiado. O pessoal dizia que eu era vascaíno, mas eu sou torcedor do Fluminense”.

Ronaldo (Fenômeno) – flamenguista (pelo menos foi o que sempre disse, até pouco tempo antes de ir para o Corinthians, quando passou a se dizer membro do “bando de loucos").

*Viola – Palmeirense, apesar de, com a camisa do Corinthians (que o revelou), ter imitado um porco na primeira final de 1993.

Rivelino – “Nasci palmeirense, assim fui até a adolescência”, disse o camisa 10 do Corinthians nos anos 70 em entrevista a O Estado de S. Paulo, de setembro de 2010. “Me tornei corintiano rapidamente. Posso dizer que o Corinthians me conquistou", garantiu.

Há casos nunca confirmados, e negados pelos próprios protagonistas. Casagrande é são-paulino? Pelo que se sabe, ele nunca foi, e é corintiano. Robinho era corintiano na infância? Ele já negou várias vezes.

Enfim, se Kléber adolescente era corintiano ou não, não significa nada. Se ele fizer gol no clássico de domingo, então, o fato é capaz de virar bordão.

*Colaborou: Olavo Soares, de Escanteio Curto .

Governo de SP pode levar de 30 a 55 anos para cumprir meta para o metrô

Em matéria de Suzana Vier, da Rede Brasil Atual, o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Junior, faz duras críticas à condução, pelo governo do Estado de São Paulo, da gestão e ampliação do metrô paulistano.

Na av. Vital Brasil, estação Butantã parece um
shopping center. Foto: Carmem Machado
Segundo ele, o sistema expande-se de forma lenta e equivocada e, como “estica linhas” sem criar conexões, a ampliação aumenta a superlotação e o risco de acidentes. “O Metrô vem de um atraso de décadas que, somado a mais gente no sistema e à expansão lenta, cria superlotação. O que aumenta mesmo são os problemas”, aponta.

De acordo com ele, em decorrência do corte de investimentos, levará mais de 30 anos para se chegar à meta de 200 quilômetros. Segundo a matéria, entre 2008 e 2010 o Estado utilizou 37% a menos da verba disponível para o metrô (R$ 5,95 bilhões de R$ 9,58 bilhões previstos).

Com o atual ritmo de ampliação das linhas, que é de 2,35 quilômetros por ano, “a previsão de Altino é otimista, porque seriam necessários aproximadamente 55 anos”, informa a matéria da Rede Brasil Atual

Promessas
Como já lembrei neste blog, ao assumir o governo do estado em 2007, o tucano José Serra prometeu que entregaria seis estações da Linha 4-Amarela em fins de 2008. Em agosto de 2011, as gestões tucanas no estado de São Paulo entregaram quatro, as supermodernas estações Faria Lima, Paulista, Pinheiros e Butantã, que ainda funcionam apenas parcialmente, até as 21 horas.

Menos tecnologicamente sofisticado, o metrô da cidade do México, que começou a operar, como o de São Paulo, nos anos 70, tem 202 quilômetros em suas 11 linhas. O da capital paulista não passou de 70 quilômetros de extensão em sete linhas.

Atualizado às 13:29

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Kadhafi está no fim

O regime de Muammar Kadhafi está caindo. Não se sabe o que virá a partir de agora na Líbia. Quais serão as conseqüências do apoio da Otan e dos Estados Unidos aos rebeldes que comemoram em Benghazi e na capital Trípoli a ainda não anunciada queda do ditador que em fevereiro prometia banhar o país de sangue (e banha há muito tempo)?

Rebeldes na capital Trípoli - Foto: Reprodução/ Al Jazeera
 O fato é que o regime sanguinário está no fim. Os rebeldes anunciaram a prisão de três dos filhos do patriarca que governa com mão de ferro e muito sangue o país há 41 anos e dizem que já controlam Trípoli. O presidente dos Estados Unidos Barack Obama manifestou-se com as seguintes palavras agora há pouco:

Nesta noite, a pressão sobre o regime de Kadafi chegou a um ponto crítico. Trípoli está escapando das mãos de um tirano. O regime dá sinais de que está caindo. O povo da Líbia está mostrando que a busca universal de dignidade e liberdade é muito mais forte que o punho de ferro de um ditador.”

Ok, sabemos o que significa o apoio da Otan e dos EUA aos rebeldes. Mas eu, na minha insignificância, saúdo a queda de Kadhafi e espero que se confirme. Ouvi agora na Al Jazeera um homem do povo, simples, em Trípoli, dizer à câmera literalmente: “We are all free”. Confesso que me emocionei.

Assista ao vivo a cobertura da rede Al Jazeera dos acontecimentos na Líbia clicando neste link:

Al Jazeera Live

domingo, 21 de agosto de 2011

Com gol kardecista, Santos ganha clássico na Bahia de Todos os Santos

Ainda pela 18ª rodada do Brasileiro, São Paulo e Palmeiras ficam no 1 a 1. E no Corinthians, após a derrota por 2 a 0 para o Figueirende, a batata de Tite está assando

Um gol de Alan Kardec aos 36min do segundo tempo deu ao Santos a primeira vitória fora de casa no Campeonato Brasileiro, em Salvador, 2 a 1 contra o Bahia. Agora, são oito partidas com mando adversário: seis derrotas, um empate e uma vitória.

O triunfo teve sabor triplo: 1) a vitória propriamente dita; 2) ela ter sido em cima do técnico René Simões, aquele moralista fanfarrão e hipócrita que afirmou “estamos criando um monstro”, sobre Neymar, em setembro do ano passado, quando o Peixe bateu o Atlético-GO na Vila por 4 a 2 e o bigodudo resolveu desviar a atenção de sua derrota para uma análise comportamental de psicólogo barato; 3) o fato de Santos x Bahia ser um clássico de mais de meio século, já que ambos os times fizeram três decisões da Taça Brasil: em 1959 (quando o Bahia bateu o Santos de Pelé e sagrou-se o primeiro campeão nacional), 1961 e 1963 (em ambos, Santos campeão).

A vitória santista em Salvador hoje começou a se desenhar logo aos 2min de jogo, quando Ganso sofreu pênalti claro ao receber passe de Borges. Neymar bateu bem (ufa!), rasteiro, no canto direito de Marcelo Lomba e fez 1 a 0. Daí pra frente, só deu Bahia, que pressionou até empatar, aos 29, com Júnior, e depois manteve o Santos encurralado. Nessas circunstâncias, o Alvinegro teve no goleiro Rafael o salvador da pátria no muito bom primeiro tempo. O arqueiro se machucou (profundo corte no supercílio) após dividida com o catimbeiro Carlos Alberto (aquele mesmo) e foi substituído no intervalo por Wladimir, que não comprometeu.

Veja os gols


Na segunda etapa o Bahia tentou manter a contínua pressão, mas o Santos segurou o 1 a 1 e o Tricolor foi pouco a pouco sendo vencido pelo cansaço. Eis que, num ato de ousadia chamado popularmente de “seis por meia dúzia”, Muricy tirou Borges e colocou Alan Kardec. Após um escanteio, na chamada “segunda bola”, rebote do goleiro baiano, Henrique ganhou a dividida de cabeça e a bola sobrou para Kardec fazer um gol de oportunismo, estranho, um gol inesperado e tipicamente kardecista. (Alan Kardec é aquele mesmo jogador do Vasco da Gama de 2007 que fez o gol da vitória de 1 a 0 contra o Corinthians no Pacaembu, que começou a carimbar o passaporte do Timão para a segunda divisão naquele ano.)

Enfim, uma vitória importante do Santos hoje no clássico de Salvador. Não por ter tirado o time da zona da degola (está em 15°, com 18 pontos e ainda 2 jogos a menos). Mas porque foi uma vitória duríssima, muito valorizada pelo time baiano, e valeu como um descarrego para o time de Muricy, e logo em Salvador, a terra de Nosso Senhor, sobre o time do fanfarrão René Simões.

São Paulo 1 x 1 Palmeiras

No clássico paulista, um jogo bom, muito disputado, achei que o Alviverde foi melhor, com claro domínio territorial durante todo o primeiro tempo, embora tenha levado o golaço de Dagoberto. No segundo, o gol do zagueiro Henrique fez justiça à partida.

O Tricolor, em terceiro com 34 pontos, por enquanto briga pelo título, enquanto o Verdão, em sexto, com 29, na minha opinião luta no máximo por uma vaga na Libertadores.

Corinthians na descendente
O Corinthians, após a enganosa vitória contra o Atlético-MG por 3 a 2 (*), perdeu de 2 a 0 para o Figueirense em pleno Pacaembu, sábado, saiu vaiado pela Fiel e encara a dura realidade de, ouso profetizar, estar no rumo de uma curva descendente que pode culminar com a saída de Tite do comando do time e a perda de um lugar no G-4 em breve, não necessariamente nessa ordem.

A batata de Tite já está assando, e todo mundo sabe que ele nunca foi unanimidade nem mesmo no interior da cúpula alvinegra. Faltam só mais alguns pretextos para ele perder o cargo. Um colunista diz que Ney Franco pode pintar pelas bandas do Parque São Jorge. Domingo, tem Palmeiras x Corinthians em Presidente Prudente.

*Atualizado às 22:52 – O placar de Corinthians x Atlético-MG estava informado erradamente como 4 a 2, quando foi 3 a 2.

sábado, 20 de agosto de 2011

Poesia contemporânea – Gabriel Megracko


Ratos
.

Na minha ausência
e durante o sono
Os ratos comeram meus pães
e beberam minha água

O que eu podia fazer?
Faziam o que queriam
Enquanto eu sonhava
os ratos viviam!

Sujaram a mesa
e roeram as frutas
E não me esperaram
pro café da manhã

Não gostei disso
Então comprei tijolos
e vedei meu lar

Me isolei dos ratos
e fiquei só

(Gabriel Megracko, em seu blog )
*Poema registrado na Biblioteca Nacional

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Renato Maurício Prado detona Mano Menezes: "Se cair é até uma boa notícia"

O jornalista Renato Maurício Prado criticou duramente o treinador Mano Menezes, pela convocação de Ronaldinho Gaúcho para o balcão de negócios, digo, seleção brasileira, que fará amistoso contra Gana dia 5 de setembro (veja vídeo abaixo). Flamenguista, Renato não poupou a língua, como muitos gostaríamos de fazer. No Programa "Redação Sportv", canal a cabo da TV Globo, ele falou que a convocação do craque Rubro-negro prejudica seu time, que enfrenta o Corinthians dia 7 pelo Brasileirão, e afirma que “essa convocação parece a do técnico do Corinthians, não da seleção brasileira”.



Mas o jornalista vai além. Diz que o trabalho de Mano não desenvolve a renovação que prometia, pois ainda conta com veteranos, como Lúcio, e agora o técnico convoca outro jogador rodado, o próprio Gaúcho. “Qual é a filosofia da seleção? Eu gostaria de entender.” Ao criticar o trabalho do ex-treinador do Corinthians, Renato Maurício Prado avalia que a equipe “não é nem um time de resultados, nem sequer um time de renovação”.

O que importa é ganhar de Gana dia 5 ou renovar?, questiona o jornalista, e dispara: “Não ganhar de Gana é um desastre, cai o Mano Menezes? Se cair, de repente, é até uma boa notícia”.

Eu também acho que o treinador que vive convocando atletas de seu empresário, Carlos Leite, deveria tomar o rumo da roça junto com seu padrinho Ricardo Teixeira. Aí talvez eu consiga torcer para a seleção, quero dizer, balcão de negócios.

Atualizado às 20:13

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

"Insensato Coração" ganha aura de realidade
na mídia

Ao acessar as páginas de internet dos principais portais brasileiros, é curioso, para usar uma palavra amena, como a telenovela "Insensato Coração" se mistura com a realidade como se fosse parte dela.

No portal Terra
Na verdade, a conjugação verbal é outra: a novela global tornou-se de fato realidade, como o "Big Brother Brasil" quando está no ar, com a diferença de que este último, o tal reality show, tem um impacto ainda mais obviamente pernicioso (link de post sobre o BBB abaixo).

Entre muitos outros, Uol, Terra, iGJornal do Brasil, histórico concorrente de O Globo, ostentam ininterruptamente as chamadas sobre a novela, seja sob a vinheta Cultura, seja sob Entretenimento, numa relação que dilui a relação entre realidade e ficção, como que fundindo-as em uma categoria nova, uma espécie de realidade-ficção que está onipresente no cotidiano das pessoas, ao lado das notícias do mundo real como se dele fosse parte – e é. Na web, essa situação é mais clara do que na mídia impressa, que é física, material, objeto de diagramação, e portanto mais facilmente passível de discernimento.

No iG
No trabalho O telejornal e a telenovela: o discurso realidade-ficção, publicado no periódico Estudos em Jornalismo e Mídia, da Universidade Federal de Santa Catarina, Silmara Cristina Dela-Silva* (doutora em Lingüística pela Unicamp) aborda a questão, especificamente a relação entre uma novela ("O Clone") e o Jornal Nacional, com muito mais propriedade do que eu, pois amparada pelas ferramentas de sua pesquisa. Diz ela em seu trabalho:

Programas televisivos representativos dos gêneros informação e entretenimento, telejornal e telenovela se distinguem pela proposta de apresentação da realidade e da ficção na tevê, respectivamente. A fronteira entre o real e o fictício, no entanto, adquire mobilidade, a partir do momento em que fatos jornalísticos noticiados pelo telejornal são retomados pelos personagens da narrativa de ficção, e situações
No Uol
fictícias vividas por personagens da telenovela dão origem a pautas para o noticiário, de forma a retomar discursos em circulação na sociedade, em determinado momento histórico.Esta proximidade entre realidade e ficção, com a presença nas telenovelas de fatos que se tornam notícia nos telejornais, manifesta-se de forma privilegiada no Jornal Nacional, exibido em horário nobre pela Rede Globo de Televisão, e nas telenovelas historicamente nomeadas “novelas das 8”, transmitidas após o noticiário, de segunda-feira a sábado. Um dos mais antigos noticiários da televisão brasileira e o primeiro programa a ser transmitido em rede para todo o país, o Jornal Nacional é assistido diariamente por mais de 40 milhões de pessoas, segundo estimativas da emissora, um público que, em sua maioria, também é telespectador das telenovelas exibidas após o seu término. Embora seja elaborado para apresentar notícias, produto jornalístico que relata fatos considerados de interesse do público, o telejornal, e especificamente o Jornal Nacional, acaba se apropriando de histórias e relatos abordados primeiramente por programas de ficção, como as telenovelas. De forma semelhante,também as telenovelas inserem em suas narrativas assuntos em pauta nos noticiários. Este fenômeno parece ter início na década de 1990 e constitui-se como prática recorrente na produção televisiva brasileira”.

No JB
A droga eletrônica tem cada vez mais o papel do Soma do Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, como instrumento de dominação das massas.

Leia também, deste blog, Lembrando Pasolini a partir da excrescência Big Brother Brasil


*Silmara Cristina Dela-Silva, em Estudos em Jornalismo e Mídia - Ano V - n. 1 pp. 87 - 98 jan./ jun. 2008. Periódico semestral editado pelo Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da UFSC, Brasil.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Avaliação de Dilma é semelhante à de Lula em agosto de 2003, mostra CNT/Sensus

Presidente é aprovada por 70,2% dos entrevistados e anuncia a criação de quatro novas universidades federais

O governo da presidente Dilma Rousseff é avaliado de forma positiva por 49,2% e negativa por 9,3% dos brasileiros. Os dados são da pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), feita pelo Instituto Sensus, divulgada nesta quarta, 16. A avaliação regular do governo é de 37,1%.

A presidente é aprovada por 70,2% dos entrevistados e 21,1% a desaprovam. A pesquisa ouviu 2 mil pessoas, em 136 municípios, de 24 estados, de 7 a 12 de agosto deste ano.

Os índices são semelhantes à primeira avaliação CNT/Sensus de agosto de 2003, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando 48,3% dos entrevistados avaliavam o governo como positivo e 10% como negativo. Em relação ao desempenho do ex-presidente Lula, 76,7% aprovavam e 16,2% desaprovavam (Com Com Agência Brasil )

Governo anuncia quatro universidades federais

Dilma, ao fundo, e o ministro Fernando Haddad, na cerimônia do
anúncio das novas universidades. Foto: Roberto Stuckert Filho/ Presidência

Enquanto a oposição/mídia joga todas as fichas num denuncismo desenfreado e muitas vezes leviano, o governo federal vai fazendo o que tem feito desde Lula: apresentar os frutos de um trabalho que privilegia a superação das desigualdades.

Anunciou nesta terça-feira, 16, que até 2012 serão criadas quatro novas universidades federais, que serão instaladas no Pará, na Bahia e no Ceará. A Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) terá sede na cidade de Marabá; a Universidade Federal da Região do Cariri (UFRC), no Ceará, terá sede em Juazeiro do Norte. O estado da Bahia ganha duas instituições: a Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufoba), com sede em Barreiras, e a Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufesba), que terá sede em Itabuna.

Atualizado às 17:01

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cristina Kirchner deve ser reeleita em outubro

E já que estamos em América do Sul (post abaixo), não custa registrar que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, conseguiu arrasadora vitória nas eleições primárias realizadas pela primeira vez no país, neste domingo.

Capa do diário La Nación desta segunda, 15

As primárias definirão as listas de candidatos para executivos e legislativos nas eleições gerais de 23 de outubro. Se houver segundo turno, ele será em 10 de dezembro. Cristina (Frente para a Vitória) obteve 50,2% dos votos. O deputado Ricardo Alfonsín (União Cívica Radical), muito longe, ficou em segundo, com 12,4%. Eduardo Duhalde (União Popular) vem em terceiro (12,1%) e Hermes Binner (Frente Ampla Progressista) em quarto (10,4%).

Como no Brasil em 2010, com Dilma, a força de Cristina é também alavancada pela falta de discurso da oposição. A vitória da presidente nas primárias foi tão significativa que, segundo observou o jornal El Clarín, a presidente deu sua primeira coletiva de imprensa “em mais de 18 meses” nesta segunda-feira.

Para Cristina Kirchner, o triunfo nas primárias (e a provável vitória em outubro) se deve a sua gestão ter sido aprovada pela população. “Creio em uma sociedade que votou uma gestão que vem desde 2003, com erros e acertos. Aprendi mais com as derrotas do que com as vitórias”, disse.

Ela indicou que, apesar da massiva votação, pretende investir no diálogo: “Necessitamos da unidade de todos os argentinos. Não esperem de mim nenhuma palavra que ofenda”.

Dilma Rousseff e Cristina Kirchner governarão os dois mais importantes países da América do Sul ao mesmo tempo, a brasileira com a herança de Lula; a argentina, com a de Néstor Kirchner.

E Oxalá a rivalidade entre Brasil e Argentina seja cada vez mais reduzida ao folclore do futebol.

A crise, a Unasul e a imprensa

“A integração latino-americana sempre foi mais evocada do que concretizada”, começa o jornal espanhol El País, em matéria de domingo, sobre a reunião dos países membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) na última sexta-feira, em Buenos Aires. “Desta vez, porém, a tormenta financeira que flagela os EUA e a Europa, que contagiou todo o mundo, impulsionou os países sul-americanos a unir forças para evitar que os efeitos da crise possam frear um crescimento econômico que, apesar das turbulências financeiras dos mercados internacionais, alcançou 6% no ano passado”, continua o periódico.

O interessante ao ler a matéria do jornal espanhol é a abrangência da abordagem. Embora a Folha.com tenha noticiado o evento (“Unasul anuncia medidas coordenadas para enfrentar a crise”), o texto da versão on line da Folha de S. Paulo se atém pontualmente aos fatos, de acordo com a cultura sintética de seu jornalismo (ao fazer a busca na Folha impressa não se encontra Unasul desde a data de 9 de agosto).

Opinião e fragmentação

Nos jornais brasileiros, muitas das informações mais complexas (ou nem isso) e os conceitos são jogados para artigos e editoriais, o que os faz quase sempre passar pelo filtro da opinião desses jornais, disfarçados de jornalismo imparcial.

Dificilmente você vai ler numa matéria comum de página 6 ou 7 nos diários dos Mesquita e dos Frias informações condensadas como essas, ainda do El País sobre a reunião da Unasul de sexta-feira: “até agora, a América do Sul conseguiu superar a crise econômica dos países ricos, principalmente porque seu crescimento depende mais da demanda chinesa por suas matérias-primas (agrícolas, minerais e energéticas), que se manteve alta”.

Como a Folha.com, o Estado de S. Paulo noticia a reunião da Unasul por meio de várias matérias, fragmentando as informações, com textos intitulados "Governo quer mais exportação regional”, “Crise será longa, diz Mantega na Unasul" e outras.

(No Brasil formou-se a cultura da objetividade jornalística absoluta e fragmentária das informações, e essa fragmentação, aparentemente, serve para facilitar a leitura. O brasileiro não gosta de textos mais longos porque é incentivado a evitá-los. Mas essa cultura impede que textos criativos, mais totalizadores, digamos, e capazes de formar conceitos, cheguem ao leitor, que é assim doutrinado a receber pílulas de informações prontas que o dispensam de raciocinar, fazer analogias etc.)

Muitas vezes o leitor é induzido a ter uma percepção alarmista da situação, pela lente do jornalismo tupiniquim. “Unasul termina sem acordo sobre fundo de reservas” ou a já citada chamada acima “Crise será longa, diz Mantega na Unasul", ambas do Estadão.

De maneira que, diante da atual realidade, em que você tem uma inesgotável fonte de informações na internet, seja de sites de instituições tradicionais como o El País (apenas um exemplo entre muitos) ou de incontáveis blogs progressistas e veículos alternativos, a necessidade de se informar pode ser uma aventura mais prazerosa do que a limitar-se à carrancuda, mal-humorada e descaradamente parcial imprensa brasileira.

Futebol
É muito didático, para uma melhor compreensão do que quero dizer com teste post, comparar matérias de jornais brasileiros e argentinos por ocasião de partidas de futebol, de preferência importantes. Os nossos diários ficam naquela enfadonha descrição cronológica da partida, enquanto os diários do país hermano, muitas vezes, enaltecem o que de épico, de grandioso e poético há numa partida.

Atualizado às 14:29 e às 15:09

sábado, 13 de agosto de 2011

No Serra Dourada, Santos dá vexame, perde de 2 a 0 e toma "olé" da torcida atleticana


Em sete partidas fora de casa pelo Campeonato Brasileiro de 2011, time da Vila coleciona seis derrotas e um empate

Como após o tricampeonato da Libertadores, continuo achando que a torcida do Santos não tem do que reclamar em 2011, ano em que, como 2010, o time ganhou tudo no primeiro semestre e entrou de férias no segundo. Este ano, o Paulista e a Libertadores; na temporada passada, estadual e Copa do Brasil. Quatro títulos em dois anos não é pouca coisa.

Só que, com todo o respeito, ao levar 2 a 0 e terminar uma partida contra o fraco Atlético-GO tomando “olé” da torcida, após mais uma apresentação abaixo da crítica, vergonhosa mesmo, começa a extrapolar os limites. A derrota do Alvinegro foi a sexta do time de Muricy em sete partidas fora de casa no Brasileiro! Há muito tempo o Santos não tem uma estatística tão ruim. Perdeu de Botafogo, Figueirense, Palmeiras, Atlético-PR, Vasco e Atlético-GO. Longe de seus domínios, o time conseguiu um mísero pontinho, contra o Cruzeiro.



Apatia do time, do craque e do técnico

O que preocupa é a clara apatia do time. “Nós não podemos achar que o ano acabou”, disse o lateral Léo depois do vexame no Serra Dourada. Até Muricy Ramalho está apático, quase o tempo todo sentado no banco, quieto. Por quê? E Neymar, que mesmo quando joga mal joga bem, hoje esteve apagado. Preocupante.

A partida contra o Atlético Goianiense, que marcou muito bem no primeiro tempo e arriscou mais no segundo, foi tecnicamente fraquíssima. Um duelo de segunda divisão. No primeiro tempo, se arrastou enfadonhamente. A bola não chegou a Borges em nenhum momento enquanto ele esteve em campo. Paulo Henrique Ganso continua irreconhecível, sem vontade, errando passes fáceis. Sem armação, o time dependeu da penetração do bravo Arouca, esforçado mas igualmente errando passes de três metros. O volante Henrique nem marcou bem nem apoiou.

Falta de ousadia

Muricy realmente não consegue ser ousado (o que irritava muitos são-paulinos, lembre-se), e por isso tem responsabilidade, sim, sobre a situação constrangedora que vive o Santos hoje. Sem Elano, preferiu encher o meio de campo com três volantes, Henrique, Arouca e Adriano, o que é um "desagero" (como diria minha avó) contra um adversário como o glorioso Atlético-GO. Ponto. E não adianta dizer que Arouca jogou mais avançado, porque não é a dele. Tinha o jovem e talentoso meia Felipe Anderson no banco, e o treinador só o colocou em campo após sofrer 2 a 0. Muricy também não gostava de colocar Alan Patrick em campo, outro meia que, vendido para o Shakhtar Donetsk, foi uma grande perda para o time neste semestre.

Tirar Borges para pôr Alan Kardec foi uma alteração tão infeliz que, simbolicamente, no momento em que a substituição era feita os goianos anotaram o segundo tento (observe isso no vídeo dos gols do jogo, acima). Não que Alan Kardec não mereça chances, é um bom jogador, mas o problema não era Borges, que não apareceu porque a bola não chegou.

Com 15 pontos, o Santos caiu para a 15ª posição, embora ainda deva dois jogos adiados.

Realmente não considero a hipótese de o Santos cair para a segunda divisão. Mas essa situação estranha está começando a incomodar os torcedores mais tolerantes.

Hoje é sábado: vá à locadora e alugue "Quando Explode a Vingança", de Sergio Leone

Sábado, dia de alugar um filme. Sugestão: Quando Explode a Vingança, de Sergio Leone. Também conhecido sob outros dois títulos em inglês: Duck You Sucker ou A Fistful of Dynamite, ou italiano: Giù la testaSegue uma singela sinopse:

Western, vulgo faroeste. James Coburn interpreta um especialista em explosivos do IRA, o Exército Republicano Irlandês. Desterrado no México, como um mercenário solitário, ele encontra um bandido mexicano (Rod Steiger) e eles unem seus destinos, que se confundem com a revolução mexicana do início do século XX, na qual, quase por acaso, acabam sendo militantes decisivos. Personagens fictícios no mesmo cenário em que Pancho Villa e Emiliano Zapata foram protagonistas reais.

Ironia, sensibilidade, surrealismo, humor e drama. Cinema para poucos entendedores.

Clique aqui para ler post sobre o filme.

Rod Steiger (esq.) e James Coburn: atuações soberbas

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As inscrições de Brasília


Isso é arqueologia contemporânea:

 

 Clique na foto para ampliar
"Brazilia de hoje é o Brazil amanhã", diz inscrição
Foto: José Cruz/ABr

Da Agência Brasil

Oculto por mais de 50 anos, foi descoberto na última segunda-feira (8), por servidores terceirizados da Câmara, um fosso fechado por concreto, que data da construção do prédio do Congresso Nacional em 1959, antes da inauguração da nova capital, em 1960. Na parede de concreto do fosso, foram encontradas mensagens deixadas pelos trabalhadores da obra.

São frases que expressam o sentimento político dos operários e falam da solidão e da esperança no futuro: “Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham a compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra”; “Duraleques CE de lequis”; “Si todos brasileiros focem digninos de honra e honestidade, teríamos um Brazil bem melhor. Só temos uma esperança nos brasileiros de amanhã. Brazil de hoje, Brazil de amanhã”; “Amor, palavra sublime que domina qualquer ser humano”.

Leia matéria da Agência Brasil, na íntegra: Descobertas frases de trabalhadores que construíram o Congresso Nacional


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Santos e Corinthians homenageiam Walter Abrahão na Vila


A coisa mais importante sobre o triste episódio acontecido na Vila Belmiro nesta quarta-feira entre Santos e Corinthians é registrar que, na última segunda, 8 de agosto, morreu o narrador Walter Abrahão, aos 80 anos.

A bola ficou mais no ar do que no chão
Foto: Ricardo Saibun/ Santos FC

Quando um jogo terminava assim, sem a pelota balançar as redes, Abrahão dizia: “OXO, senhores”. “Walter Abrahão faz parte da infância, da adolescência e da juventude de algumas gerações de brasileiros”, como escreveu Juca Kfouri em seu blog. Já vi muitos 0 a 0 eletrizantes. O OXO (pronuncia-se 'ôxo') de Walter Abrahão não era isso, era mais do que um jogo sem gols, era um duelo sem emoção, sem bola na trave, sem polêmica, sem futebol, um anti-duelo como o de hoje na Vila.

Tudo bem, o Santos jogou sem Neymar, Ganso e Danilo e o Corinthians, desfalcado de Ralf, Jorge Henrique, Liedson e Julio Cesar. Mas nem isso é desculpa para o indisfarçável faz-de-conta de compadres apresentado hoje no palco verde da Vila mais famosa do mundo. Do lado santista, já está virando motivo de apostas o momento em que Muricy Ramalho fará substituições. Todo mundo sabe que antes dos 30 do segundo tempo nada acontece. Ganha quem acertar o minuto após os 30.

O meia-atacante Diogo permaneceu sendo uma nulidade até os 34 do segundo tempo, quando finalmente saiu para a entrada do bravo volante Adriano. Ibson ainda não se sabe se entrou em campo pelo Santos desde que “estreou” contra o Flamengo, dia 27 de julho. O volante Henrique (por que não Adriano?), fraco na marcação e pior ainda no apoio, ficou 90 minutos em campo.

Do lado corintiano, a tática foi dirigida para conquistar o heróico 0 a 0. Tarefa alcançada, o Timão agora é líder, com os mesmos 33 pontos do Flamengo, mas com uma vitória a mais. Do lado santista, o suado pontinho levou o time aos 15 pontos, suficientes para chegar ao 14° lugar, ultrapassando Atlético-MG e Grêmio nos critérios de desempate.

Seleção de Mano apanha da Alemanha

Enquanto isso, o destaque da seleção de Mano Menezes que perdeu da Alemanha por 3 a 2, em Stuttgart, foi o lateral esquerdo André Santos, do empresário Carlos Leite, ligado a Mano. Pura coincidência, não é mesmo? O lateral esquerdo perdeu de modo bizarro uma bola que acabou no belo gol de Schweinstegger, o terceiro dos alemães.

A derrota de 3 a 2 foi caiu do céu para o balcão de negócios da CBF, quero dizer, para a seleção brasileira. Poderia ter sido uma goleada. Com a seleção, Mano Menezes não ganhou nada até agora. Foi derrotado por Argentina e França, empatou com a Holanda, caiu diante do Paraguai nos pênaltis na Copa América e hoje sucumbiu diante do bom time germânico.

Ainda assim, Neymar fez um gol típico, o segundo. Deixaram o moleque dominar, gol. O primeiro foi de Robinho, de pênalti.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Exemplos do jeito tucano de governar São Paulo

A gestão tucana de Geraldo Alckmin, para quem é de São Paulo, é uma mazela cotidiana. Já para quem não é e nem mora no estado mais rico da federação, vão abaixo dois exemplos do que acontece por aqui.

O primeiro, pontual, um flagrante que diz respeito à rotina de quem vive e assiste a uma visível e triste deterioração dos serviços do metrô. O segundo, uma notícia sobre a política da saúde do governo do estado, a política escandalosa e perversa de usar verbas públicas para dar aos planos de saúde privados 25% dos leitos do SUS. Segundo promotor, modelo de saúde em SP não tem paralelo no país.

1) Metrô


Foto acima e informação a partir do twitter de @SerBrasileira na hora do rush desta quarta, 10: “cidadãos aguardam por trens que passam direto sem parada (2 ou 3) para estações seguintes, quando chega o trem vazio, tumulto, a espera chega a 30 minutos, com risco de sofrer acidentes”.

2) Saúde

MP entra com ação contra lei de Alckmin que vende 25% dos leitos do SUS

Por Cida de Oliveira
da Rede Brasil Atual


O Ministério Público de São Paulo protocolou na tarde desta terça-feira (9) ação civil pública que impede o governo estadual de qualquer ação com base na lei 1.131/2010 e no decreto 57.108/11, de 6 de julho de 2011, que a regulamenta. Ou seja, de entregar, entre outras coisas, 25% dos leitos de hospitais públicos estaduais gerenciados por organizações sociais (OS) para particulares e planos de saúde.

"A lei agride frontalmente inúmeras normas constitucionais. E se for implementada vai gerar uma situação aflitiva na saúde pública do Estado", explica Arthur Pinto Filho, um dos promotores que assinam a ação do MP. "Isso porque os dependentes do SUS perderão 25% dos leitos públicos dos hospitais estaduais de alta complexidade, que sabidamente já são insuficientes para o atendimento da demanda de nossa população".

Com a ação, o Ministério Público pede que sejam impedidos contratos de gestão, alterações ou aditamentos de contratos de gestão com organizações sociais; a suspensão dos efeitos concretos do decreto; e que seja fixada multa diária no valor de R$ 10 mil.

Segundo o promotor, esse modelo que Geraldo Alckmin deseja implantar no Estado de São Paulo não tem paralelo em nenhum outro da Federação, além de ser combatido pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), órgão encarregado das políticas públicas do setor.

A ação deverá ser apreciada ainda esta semana por um juiz designado pela Vara Pública.

A íntegra da matéria está aqui

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Protestos continuam: 100 mil chilenos vão
às ruas de Santiago nesta terça

Segundo a agência Ansa, aproximadamente 100 mil chilenos foram às ruas de Santiago entre a manhã e a tarde desta terça-feira, 9, em mais uma marcha em protesto pela política educacional e por uma educação pública e de qualidade. Ainda segundo a agência, foram “registrados alguns focos de enfrentamentos entre grupos de manifestantes encapuzados e policiais”.

A população apoiou os estudantes lançando papéis picados e balões, além de bater panelas à porta de casa. Entidades importantes como Confederação dos Trabalhadores do Cobre (CTC), a Agrupação Nacional de Empregados Fiscais (Anef), a Central Unitária de Trabalhadores (CUT), a Confederação Nacional de Funcionários da Saúde Municipalizada (Confusam) e o Sindicato Interempresas da Construção (Sintec) participaram do ato.

Contra interesses privados/ Reprodução
Já o jornal conservador La Nación chama a atenção para a prisão de dois militantes que estariam de posse de coquetéis molotov. Há relatos de ações, embora isoladas, de vandalismo.



Direita no poder

O presidente chileno Sebastián Piñera, do partido Renovación Nacional, tomou posse em março de 2010. Ele é o primeiro direitista a conquistar o poder democraticamente após a ditadura Pinochet e também desde a vitória de Jorge Alessandri em 1958. Autodefinido como um "humanista cristiano", Piñera tem cada vez menos popularidade: hoje sua aprovação é de 26%.

No final de junho, impressionantes 400 mil pessoas protestaram nas ruas do país por melhorias na educação. Na semana passada, uma manifestação sofreu forte repressão e 800 pessoas foram detidas.

Atualizado às 17:27


PS (às 17:06 de quarta-feira, 10): Os protestos dessa terça-feira terminaram com 396 presos e 78 feridos em todo o país, segundo números do governo chileno


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Marta Suplicy e Fernando Haddad, candidata da militância versus o nome de Lula

Em relação a quem vai ser o candidato do PT nas eleições municipais em São Paulo em 2012, a sorte está lançada em forma de uma dicotomia. A disputa já é aberta entre a ex-prefeita Marta Suplicy e o ministro Fernando Haddad (Educação).

A dicotomia se configura entre uma liderança popular, consolidada, que já governou a cidade, e um nome novo num cenário de tal dimensão, uma incógnita eleitoral. Enquanto Haddad é o preferido de Lula, ou pelo menos é tratado como tal no momento, Marta já leva a batalha por sua escolha a campo aberto, seja em âmbito interno, dentro do partido, seja pela imprensa.

Timidez x agressividade

Tímido, Haddad não tem iniciativa alguma em se colocar de maneira agressiva na disputa, enquanto Marta não esconde que vai até o fim pela candidatura. No último dia 6, em entrevista a O Estado de S. Paulo, a ex-prefeita não deixou nenhuma dúvida disso. Perguntada sobre se a opção de Lula por uma “cara nova” incomoda, ela não se fez de rogada: “O Lula tem toda razão nessa ideia da cara nova, porque São Paulo teve suas grandes lideranças ceifadas”, disse, citando José Dirceu e Palocci, para em seguida manifestar claramente. “Entendo e respeito a ideia de uma pessoa nova, mas acredito que o mais importante é termos uma pessoa com condição de ganhar e fazer bem para São Paulo. Uma pessoa que agregue forças”.

A ex-prefeita continuou: “Se tem uma candidatura que já sai com 30% dos votos, que tem 18% de rejeição, o que não é alto no contexto, e que tem uma obra para mostrar, você não põe essa candidatura fora e tenta criar um nome que está lá (no Ministério da Educação) há sete anos e tem 3% na pesquisa. Na política funciona bastante o que é natural”. Como se vê, Marta é bastante explícita quanto à percepção, não só dela, de que com Haddad não haverá vitória.

Questionada sobre um dos principais argumentos contra sua candidatura, a rejeição, Marta Suplicy continuou sendo direta: “Quem não tem importância não tem rejeição”.

Enquanto isso, o mesmo Estadão deu hoje entrevista de página inteira com Haddad. As palavras “eleição”, “2012”, “Lula”, “candidatura” ou “candidato” não aparecem sequer uma única vez em toda a entrevista, nem por iniciativa dos jornalistas, nem dele próprio, Haddad. O tema único foi educação.

A militância se identifica mais com Marta, evidentemente. Não sei se para o PT será bom que a vontade de Lula seja quase irrevogável e onipotente, sempre. A queda do ministro Nelson Jobim (leia aqui) parece ter demonstrado isso.

Se deixarem, o Flamengo escapa e ninguém mais alcança

Demorou, mas o Campeonato Brasileiro começa a pegar, depois de 15 rodadas, com mais de um terço dos 38 jogos previstos já disputados.

Gaúcho, decisivo - Foto: Alexandre Loureiro/VIPCOMM
O Flamengo do redivivo Vanderlei Luxemburgo lidera com 33 pontos, seguido pelo Corinthians com 32. Curiosamente, a esta altura do Brasileirão de 2010, também após 15 rodadas, o líder era o Fluminense de Muricy Ramalho, com os mesmos 33 pontos (o Flu, como se sabe, veio a ser campeão), enquanto o Timão era, como hoje, vice, com 31. Ou seja, o Alvinegro este ano faz, até o momento, uma campanha um ponto inferior à de 2010.

Logo atrás de Flu e Corinthians, entre os times que completavam o
G-4 passadas as primeiras 15 rodadas no ano passado, vinham Botafogo (que terminou em 6°) e o surpreendente Ceará (que estava em 4° e foi parar no 12° lugar ao término do campeonato). Este ano, São Paulo (31 pontos) e Vasco da Gama (27) completam o G-4. Mas, com os mesmos 27 pontos, o Palmeiras, em 5°, iria à Libertadores porque o Vasco vai como campeão da Copa do Brasil*.

A verdade é que, pelo andar da carruagem, o Flamengo se credencia, hoje, como favorito. Não só pela liderança, mas porque o bem armado time de Luxemburgo ainda conta com alguns jogadores que fazem a diferença (o goleiro Felipe, o lateral Léo Moura, o meia Thiago Neves e, claro, Ronaldinho Gaúcho, que tem decidido sistematicamente). Além de tudo, é líder.

Foto: Maurício Val/VIPCOMM
O pior, para os adversários, é que Vanderlei, com o Rubro-negro, reencontrou a chamada química e parece estar mais focado no futebol e no que melhor sabe fazer. Não foi à toa que Santos e Flamengo fizeram o melhor jogo do campeonato (relembre aqui). A zaga de seu time ainda vai receber o reforço de Alex Silva (ex-São Paulo). Se deixarem o Flamengo escapar muito, ninguém mais o pegará.

Seleção esvazia Santos x Corinthians

Por falar em Corinthians, nesta quarta-feira, 10 de agosto, tem o clássico com o Santos na Vila Belmiro. Partida muito importante para ambos, o Alvinegro da capital porque disputa a liderança (um empate lhe devolve o 1° lugar), e o da baixada porque precisa sair do 16° lugar (14 pontos) e subir para mais perto de onde deve estar (com a ressalva de que o Peixe tem três jogos a menos). Reconheço ser difícil a esta altura o Peixe focar o Brasileiro, infelizmente, pois o time de Muricy tinha tudo para brigar pelo título. Seja como for, o clássico  poderia ser eletrizante, não fosse a seleção brasileira.

Desculpem a sinceridade, mas essa maldita seleção mais uma vez tira do Santos suas principais estrelas, num clássico. Neymar e Paulo Henrique Ganso enfrentam a Alemanha na mesma quarta-feira, em amistoso. Elano não foi convocado (pelo menos isso) e pega o Corinthians, do qual Mano Menezes convocou o volante Ralf. É estranho, mas parece que hoje tem muito mais jogos de seleções do que antigamente. Mal acaba a Copa América e já tem jogo dessa
m#*°* outra vez.

Vou torcer para a seleção de Mano Menezes e Ricardo Teixeira tomar um chocolate da Alemanha.

Atualizado às 13:36

sábado, 6 de agosto de 2011

Outra pequena jóia do cinema iraniano: "Procurando Elly"

Se você estiver na locadora e não souber que DVD alugar, escolha o belíssimo Procurando Elly, filme de 2009 do diretor iraniano Asghar Farhadi, ganhador do Urso de Prata de melhor direção no Festival de Berlim.

Taraneh Alidoosti interpreta Elly

O enredo é banal. Um grupo de amigos está na estrada procurando o local onde passarão três dias à beira da praia. A casa que imaginavam não dá certo, e eles acabam arranjando outro lugar, uma casa velha e suja. Mas, bem humorados e dispostos, eles alugam o imóvel. Ahmad (Shahab Hosseini), que morou por anos na Alemanha, volta ao Irã. Sua amiga Sepideh leva uma conhecida para apresentar a ele. Essa amiga é Elly, professora da filha de Sepideh.

O evento do filme é o desaparecimento de Elly. Ela fugiu envergonhada pela situação constrangedora? (lembremos, eles estão no Irã, onde o adultério, como se sabe, pode levar uma mulher a ser executada a pedradas). Ela se suicidou? Descobre-se que Elly tinha um noivo. O sumiço da moça e essa descoberta chocante para os personagens dão o tom dramático que contrasta com a simplicidade do início.

O enredo banal poderia ser tedioso, se não estivéssemos falando de cinema iraniano, no qual é do cotidiano e das coisas mais simples que se extraem a beleza e a poesia. No caso de Procurando Elly, é marcante a exuberante paleta de cores que explode na película com a naturalidade mesma do cotidiano: os lenços e roupas das mulheres, por exemplo, muitas vezes em contraste com as cores da natureza, como o mar.

O peso terrível do Estado iraniano está presente no filme, mas sutilmente, nas entrelinhas dos diálogos. A terrível moral vige o tempo todo. Os filmes iranianos, mesmo no visceral A Caminho de Kandahar (2001, direção de Mohsen Makhmalbaf), não usam a violência como um artifício fácil. A violência é implícita, está ali, na atmosfera, mas para o espectador não se consuma. Você não vê.


A atriz Golshifteh Farahani no papel de Sepideh
 Um dos momentos mais bonitos de Procurando Elly é quando Sepideh (Golshifteh Farahani) vive um drama dilacerante antes de “depor” ao noivo da desaparecida. Sepideh está dividida entre sujar a honra da amiga Elly, que sumiu (lembremos novamente: é o Irã) e arriscar os amigos, apavorados com a possibilidade de o noivo saber que todos eles participaram de um plano para aproximar Elly e Ahmad. Na sociedade dos aiatolás, a flecha do cupido pode ser fatal.

A beleza não fica só nas cores e planos do filme de Asghar Farhadi, ou nas longas sequências que usam o silêncio ou o corriqueiro como matéria-prima da poesia. As mulheres são de uma beleza exótica, exuberante, não-hollywoodiana, com seus olhos amendoados que parecem guardar uma tristeza atávica dos milênios de onde surgiu o povo persa.

Em uma palavra: assista a Procurando Elly. Vale a pena.

PS: no título deste post eu uso a palavra "jóia", com acento. Desculpem, ainda não consegui assimilar a nova ortografia da Língua Portuguesa. Ela me irrita.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Jobim, o homem que falava demais

Ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim será o substituto do agora ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, que caiu depois de novas declarações dignas da oposição (Atualizado às 20:31)

Para os muitos que se espantaram com a manutenção de Nelson Jobim no governo Dilma, e mais ainda após a insistência dele em falar de sua intimidade com o ninho tucano, finalmente o ministro da Defesa caiu (até o momento deste post, ainda não oficialmente).

Foto: Antonio Cruz/ ABr
Depois de dizer, no fim de julho, ser “amigo íntimo do Serra” e que votou em no tucano* em 2010, Jobim disse à revista Piauí que "A Ideli é muito fraquinha", referindo-se à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (a informação foi adiantada pela coluna da Mônica Bergamo, da Folha desta quinta-feira).

Nelson Jobim era um ministro da cota do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo com um padrinho desse porte, era ininteligível sua continuidade no governo após a declaração de voto em Serra, e, para quem não se lembra, depois de outras demonstrações de sua “competência” e suas “virtudes”. Por exemplo, em novembro do ano passado, o WikiLeaks revelou que Jobim prestou serviços de informação ao embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Na seara de suas atribuições, não conseguiu fechar as negociações para a compra do caça francês Rafale.

O agora ex-ministro disse que as informações divulgadas na imprensa são "parte de um jogo de intrigas" e uma tentativa de desestabilizá-lo. Curioso raciocínio de quem é bastante conhecido nos bastidores de Brasília justamente por ser um exímio plantador de intrigas.

É muito estranho tudo isso. E fica um grande ponto de interrogação. Por que ele ainda era mantido? Essa é a típica situação que provoca muitas especulações mentais e faz pensar no título de um filme de Alfred Hitchcock, O Homem que Sabia Demais, embora seja para consumo público o homem que falava demais.

Sabendo demais ou não, caiu.

*Atualizado às 18:03 (o texto dizia erroneamente que Jobim votou em FHC em 2010, o que é obviamente impossível).

São Paulo à venda

Por Fernando de Barros e Silva
no Observatório de Segurança Pública

Sem que isso seja muito evidente, Gilberto Kassab está patrocinando um novo ciclo de especulação imobiliária na cidade. O mesmo setor que contribuiu com milhões para a eleição do prefeito em 2008 está sendo beneficiado em operações urbanas mais do que duvidosas, justamente a um ano da próxima campanha municipal. De várias maneiras, regiões de São Paulo estão sendo terceirizadas, alienadas ou vendidas para o mercado. O caso mais flagrante é o da "troca" de áreas públicas por creches - ideia que partiu do Secovi, o sindicato do setor imobiliário.

Kassab havia prometido zerar a carência de vagas nas creches. Há mais de 140 mil crianças na fila de espera. Perto do fim do mandato, o problema social se transforma em oportunidade de negócio. Afinal, alguém precisa lucrar com a promessa que não será cumprida. Quem acredita que as construtoras beneficiadas com áreas nobres farão adequadamente 200, 300, 400 creches na periferia?

Não é só. Kassab vai dar à iniciativa privada o poder de desapropriar uma enorme extensão da Pompeia, como já ocorre, a passo de cágado, na Nova Luz (ou cracolândia). Este é um tipo de concessão que só parece ter sentido numa região arruinada, onde as empresas não investiriam sem atrativos. Mas na Pompeia? Por que facilitar lucros privados gigantescos numa área já valorizada? Não cheira bem.

Por fim, a prefeitura está prestes a aprovar um novo polo de escritórios de luxo na avenida Chucri Zaidan, continuação da Berrini. É mais um capítulo de uma dinâmica perversa: enquanto a região central, com infraestrutura já pronta, permanece subocupada, em estado de degradação, os impostos do paulistano vão financiar a expansão de transporte público, luz, água etc. até os confins da cidade, para onde fogem os ricos seguindo a corrida do ouro do mercado imobiliário. Tudo somado, o kassabismo é uma espécie de neomalufismo. Essa é a escola em que ele se formou.

Publicado originalmente no Observatório de Segurança Pública domingo, 31 de julho de 2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Neymar fica na Vila e mostra que há 'outro mundo possível' no futebol brasileiro

“É patrimônio do Santos, da cidade, do Estado e do Brasil", diz presidente do Santos

Enquanto a – como sempre digo – malfadada janela européia não se fechar, em 31 de agosto, nenhuma informação pode ser considerada definitiva. Feita a ressalva, pelo que se divulga por meio de fontes com credibilidade, Neymar decidiu ficar no Santos até pelo menos o fim do ano, quando o clube disputa o Mundial. Todas as informações dão conta de que a decisão foi do jovem atleta. O Santos só poderia negar a oferta de 45 milhões de euros* (cerca de R$ 100 milhões), como fez, com a concordância de Neymar, sem o quê o Real Madrid poderia tirá-lo do clube.

Jovem craque encontra presidente Dilma em evento no RJ
no sábado, 31. Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR

Recordem-se que no ano passado o mesmo jovem jogador, então com 18 anos, rejeitou oferta do poderoso Chelsea, da Inglaterra, em nome do sonho de ganhar a Libertadores pelo Peixe, sonho concretizado para ele e toda a nação santista. Relembre aqui.

No último domingo, 31, às 11:20 da manhã, Paulo Vinicius Coelho postou em seu blog a informação: A decisão de Neymar está tomada: ele não vai para a Espanha agora.

Sendo assim, só resta enaltecer mais uma vez a jóia do Santos, por sua personalidade, seu amor ao clube que o formou e sua indisposição em deixar a Vila pelos fundos, como fez Robinho em 2005. E parabenizar entusiasticamente o presidente do time da Vila Belmiro, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, por sua gestão corajosa, revolucionária mesmo, no contexto do futebol brasileiro.

Em sessão solene em homenagem ao Santos pelos títulos do Paulistão e da Libertadores, na Assembleia Legislativa de São Paulo, na segunda-feira, 1°, ele se pronunciou sobre a manutenção de Neymar na Vila: “é patrimônio do Santos, da cidade, do Estado e do Brasil. Assim poderemos sinalizar ao mundo que não somos republiquetas exportadoras de matéria-prima”.

*Atualizado à 00:01