sábado, 19 de dezembro de 2009

O gesto de Aécio Neves

Elza Fiúza/ABr
O governador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais, anunciou na quinta-feira, 17, que desiste da disputa pela candidatura à presidência da República em 2010. Segundo ele, a demora do PSDB em “tomar algumas decisões” prejudicariam as alianças. O governador de São Paulo, José Serra, tem a palavra.

São várias as incógnitas que surgem a partir do gesto do neto de Tancredo Neves. Terá sido uma decisão costurada com a cúpula do tucanato? Neste caso, seria, por parte deles, o reconhecimento de que é preciso se desligar da companhia agora (mas não antes) incômoda do DEM (ex-PFL)?

A oposição, sem discurso e sem argumentos, teria chegado à conclusão de que a única saída é fazer uma chapa puro sangue Serra-Aécio?, já que o aliado histórico demo se queimou e está em plena derrocada?

Se os tucanos resolverem fechar Serra-Aécio, a velha (velhíssima) política do café com leite estaria tentando voltar, como um fantasma, travestida com a máscara do PSDB puro-sangue?

Ou, na batalha de xadrez e de víboras, Aécio marca uma posição a partir da qual pode ir para o Senado e, sutil, mineiramente, deixa a Serra a responsabilidade (talvez fatal) de ter de assumir ser ou não ser (eis a questão) candidato?

A ver.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Termina a 1ª Confecom

Por Anselmo Massad
da Rede Brasil Atual

Acabou.
Após quatro dias de discussões, defesas, oposições, questões de ordem e muita proposta, encerrou-se nesta quinta-feira a primeira Confência Nacional de Comunicação (Confecom). Marcelo Bechara, presidente da Comissão Organizadora, celebrou o fim do processo. “Agora, é caminhar para a segunda Conferência”, disse.

Ao final da votação das propostas, apesar de todos os embates e animosidades entre os segmentos, o clima foi cordial de elogios à disposição de diálogo e à construção de pontes entre setores com visões diferentes. “Todo mundo aprendeu, tinha muito cano entupido, muito bicho-papão, muita gente com medo”, afirma João Saad, presidente do grupo Bandeirantes e da Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra).

Negociação
“Para mudar profundamente uma coisa, é preciso negociar. Posições radicais não conseguiram levar, o que acho saudável para a democracia brasileira”, sustenta.

“Ninguém saiu daqui ganhando, porque todo mundo cedeu um pedaço”, prossegue Saad. “Ainda tem coisas para serem corrigidas e muitas coisas inócuas já previstas na Constituição, mas não adiantava brigar por tudo”, defende.

Representantes dos movimentos sociais também comemoraram o feito. A maior parte das propostas do setor foram aprovadas, segundo eles. Além do Conselho Nacional de Comunicação, o controle social, internet de banda larga com velocidade suficiente para garantir a comunicação de deficientes auditivos e mais uma lista de mais de 650 propostas.

Sobre a aprovação da proposta de criação do Conselho Nacional de Comunicação

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O novo Santos Futebol Clube: realidade vs. utopia

Passadas as eleições e, finalmente, a posse do novo presidente e dos novos conselheiros do Santos Futebol Clube, vão aqui algumas palavras.

Estou entre os que não votaram mas apoiaram a chapa encabeçada por Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro. Porém, não me incluo na lista de quem acha que Luis Álvaro é o bem e Marcelo Teixeira o mal absoluto. Como presidente, MT tirou o Santos em 2002 de uma amarga e humilhante fila que chegava a 18 anos e ganhou ainda outro Nacional (2004) e um bicampeonato paulista (2006/2007). Não vou ficar discorrendo sobre a gestão passada; aliás, gestões passadas, que já somavam dez anos.

Tanto tempo é inadmissível, assim como a regra segundo a qual um sócio precisa de três anos após associar-se para poder votar. Essas e outras distorções serão corrigidas, espero, como prometeu o novo mandatário no Sportv, na semana passada. Creio que um mandato de três anos seria ideal. Dois é pouco e quatro, muito.

Acredito que os novos tempos podem ser bons para o clube e sua torcida. MT representa o velho estilo, Luis Álvaro promete o novo, fundo de investimento e modernidades financeiras assim. O novo presidente é neto de Álvaro de Oliveira Ribeiro, que foi mandatário do clube em seus primórdios. Ao dizer que, em sua gestão, não haverá caça às bruxas, Luis Álvaro demonstra ser uma pessoa sensata e racional. E parece se referir a Fábio Costa, o goleiro campeão brasileiro e bicampeão paulista.

Por mim, Fábio Costa fica. Mas exercendo a liderança e a identificação inegáveis que tem com o Santos de forma positiva. Para mim, um campeão como ele deve ter um lugar, desde que domine seu temperamento explosivo e pare de criar problemas dentro do elenco. Nessa triste época de jogadores de aluguel, que nem enxergam a camisa que vestem, os atletas que gostam do clube que defendem, cada dia mais raros, têm muito valor.

Dorival Júnior como treinador foi uma boa opção. É um cara tranquilo, parece que ético. A questão é saber se aguentará a pressão. Num grande clube, a pressão é uma ameaça permanente. Dominará a fogueira de vaidades que é o elenco de um time de futebol? A ver.

Perguntado na entrevista citada acima que time a torcida santista verá em campo em janeiro, o novo presidente disse que será aguerrido, e que o clube não quer mais jogadores de aluguel. Oxalá seja assim. Mas os boatos sobre o interesse em Keirrison me preocuparam. Para mim não existe exemplo mais acabado de um jogador de aluguel do que o desse sujeito (os palmeirenses que o digam).

O time precisa voltar a ter na Vila Balmiro o velho e temido alçapão, que nos últimos anos se transformou num velório. O clube precisa investir em marketing, pensando em seu futuro, e ter um time campeão. São muitos desafios. Luiz Gonzaga Belluzzo, que prometia ser o novo no Palmeiras, terminou o primeiro ano de seu mandato muito mal.

Agora, Luis Álvaro terá a realidade pela frente, que brigará uma luta encarniçada e cotidiana com a utopia.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Contra o tédio, Woody Allen


Revi o lindo Manhattan (1979), de Woody Allen. Muitas coisas passam pela cabeça diante dessa obra-prima do cineasta norte-americano. Por exemplo, na era do politicamente correto que invade tudo, das mesas de bar ao futebol, dos sindicatos a roteiros de filmes, senti um prazer como um sentimento de desforra.

No início do filme, Isaac (Allen) conversa à mesa do bar com um cigarro na mão, dando gostosas baforadas. À mesa de um bar! Fiquei pensando no atual governador de São Paulo como presidente da República e numa manchete: “Medida Provisória proíbe filmes que incentivem o tabagismo”.

A trama vai se revelando, e você sabe que o personagem de Allen, ex-casado, tem caso com uma menina de 17 anos, Tracy, interpretada por Mariel Hemingway (neta do grande escritor). Não se trata de violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente. É sempre bom ressalvar! Paixões assim às vezes acontecem.

Isaac – um escritor frustrado que trabalha como roteirista de programa de TV – foi casado com Jill (Meryl Streep), que o trocou por uma mulher, se assumiu lésbica, e escreve um livro para "descascar" seu ex-marido publicamente. O amigo de Isaac, Yale (Michael Murphy), casado, se apaixona por Mary (Diane Keaton), uma mulher insegura e cheia de conflitos interiores, que depois tem um caso com Isaac, mas assume que quer mesmo ficar com Yale.

Bom, a idéia não é contar o filme (coisa mais aborrecida). Woody Allen é um corrosivo cronista e crítico do american way of life, da religiosidade judaica (que ele conhece de perto, pois é judeu) e católica, dos clichês sociais e fílmicos. A hipocrisia ele rebate com a ironia. A ignorância, com o humor cáustico e inteligente.

Já ouvi alguém criticar Woddy Allen por realizar tantos filmes, um por ano, em média. Mas, como cronista que de fato é, ele trabalha num ritmo coerente com esse gênero. Ainda bem.

Em Manhattan, o amor de Allen por Nova York se configura em uma fotografia exuberante, ressaltada pela escolha que fez por usar o preto & branco. No fim do filme, o personagem interpretado pelo diretor corre para encontrar seu amor talvez perdido. Nessa sequência, Isaac corre em primeiro plano, enquanto, ao fundo, tendo o personagem como pretexto, a câmera vai filmando a cidade. Não sei se essa é uma citação intencional de Luis Buñuel, que, em A Bela da Tarde (La belle de jour), usa a mesma solução para filmar Paris tendo no primeiro plano Catherine Deneuve, numa das mais belas cenas que já vi. Ambas as cenas são epifanias, não há outra palavra.

Woody Allen, que tem em Ingmar Bergman seu maior mestre (como ele mesmo já afirmou, inclusive numa cena de Manhattan), é um gênio que me remete à frase que li no blog The Useless Generation, de meu amigo Gheirart: “Vista-se de bombas ou procure as ferramentas da arte!”

Atualizado às 15h58 de 13/12/2009

Sem título

Por Carmem Machado

Caetano disse, em “Elvis e Marilyn” (parte 1), Verdade Tropical:
“... Fui eu, no entanto, o primeiro a mencionar – não sem que isso representasse um certo escândalo – a Coca-Cola numa letra de música no Brasil”.

Lula foi o primeiro presidente a ousar falar “merda”.

Haha, tá tudo gravado na minha Rolley-Flex!!!

Nunca antes, na história deste país...

(Lula falando merda)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Versões para o caos

Foto: Joícÿ Costìm
Você deve se lembrar que o prefeito Gilberto Kassab, do DEM, cortou parte do orçamento para a limpeza urbana em agosto. Ele voltou atrás cerca de um mês depois. O professor da PUC-SP Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira, especialista em Direito de Estado, previu na ocasião da medida adotada por Kassab que ela traria consequências durante o período de chuvas. Se a culpa pelo caos não foi só de Kassab, também não foi só de São Pedro, como parece querer fazer crer a TV Globo.

Segundo o professor da PUC, São Paulo sentiu o impacto da medida de Kassab exatamente na terça-feira. Ele defende que os cidadãos entrem com ações públicas na Justiça contra a prefeitura e a responsabilize pelos danos. O professor entende que, ao restringir os serviços de limpeza pública, o interesse de toda a comunidade "é substituído pelo interesse do prefeito”.

Jornal Hoje
Já a TV Globo mostrou no "Jornal Hoje" de ontem (desculpem o trocadilho), dia do caos em São Paulo depois das chuvas, uma reportagem sobre o que para ela são as causas da inundação do Tietê. A matéria vai ao ar para responder à cândida pergunta do âncora Evaristo Costa: "afinal de contas, faltou obra no rio Tietê ou realmente choveu demais?"

No helicóptero, a repórter Patrícia Taufer pergunta ao professor de Engenharia de Recursos Hídricos da Escola Politécnica da USP, Mario Thadeu Leme de Barros: "o que de fato aconteceu? Como o senhor explica esse caos todo?" Pra resumir, ele responde que o rio não suportou a chuva extremamente intensa em toda a cidade e, assim, Tietê e Pinheiros transbordaram.

A reportagem explica então o que é vazão ("a quantidade de água que o rio transporta em um período de tempo") e ilustra: o Tietê "consegue levar uma piscina olímpica a cada dois segundos. Mas hoje a situação foi bem mais complicada", explica a repórter. Ah, tá.

Ela continua: "professor, as margens são estreitas demais, é isso o que acontece?" Somos então informados que, "com a ocupação urbana, nós confinamos o rio Tietê no espaço que ele tem hoje, e esse espaço é insuficiente".

Entendeu? É simples assim.

Veja a reportagem global



Confecom precisa dar respostas concretas

Acredito que a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), da qual participei nas etapas municipal (Osasco) e estadual (SP), tem que ter o Fórum Social Mundial como ponto de reflexão (e inflexão).

Porque não poucas pessoas que têm interesse direto em que a conferência seja bem sucedida fazem um questionamento justo: “Mas vai acontecer com a Confecom como com o FSM, acabar diluído e não dar respostas concretas a nada?” Foi o que me perguntou outro dia um jovem jornalista.

Esse questionamento precisa ser respondido com resultados objetivos (mesmo que a resposta seja um primeiro passo, por pequeno, mas concreto que seja). Alguém lembrou, nas mesas da Confecom Osasco, que o SUS (importante avanço) surgiu a partir de debates nas conferências de saúde.

Alberto Luchetti, da allTV, disse na mesa de que participou em Osasco (17 de outubro de 2009) que o Ministério das Comunicações é comandado por um “despachante da TV Globo” (o peemedebista Hélio Costa). É verdade. E esse registro tem de ser feito. O governo Lula tem esse débito para com a sociedade brasileira.

Algumas demandas da sociedade civil são urgentes no contexto da Confecom, e precisam ser concretamente colocadas em pauta (em âmbito legislativo e executivo, como conseqüência da Confecom). Por exemplo:

- as TVs e rádios são concessões públicas. Portanto, devem responder à determinação do artigo 220 da Constituição, que precisa ser regulamentado à luz do interesse da cidadania, e não dos interesses privados. Em seu parágrafo 5º, o artigo 220 da Constituição de 1988 (que Ulysses Guimarães chamou de “Constituição Cidadã”) diz expressamente: “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. A regulamentação deste artigo já seria um enorme avanço, talvez suficiente para materializar uma grande reforma;

- é preciso que as comunidades civis tenham voz e as rádios comunitárias deixem de ser tratadas como criminosas;

- é preciso que os municípios, politicamente emancipados, sejam de fato emancipados. Como pode, por exemplo, que numa grande cidade como Osasco, entre outras, os cidadãos, em época de eleição, não vejam a propaganda eleitoral de seus candidatos, e sim da capital (São Paulo)? Osasco tem 700 mil habitantes, mas seus eleitores assistem na TV, em eleições municipais, à propaganda dos candidatos da capital;

- é preciso dar garantias à saúde mental e física das crianças, que são atacadas por um bombardeio infame de propaganda e (des) informação diante das quais são indefesas. As crianças, e as meninas principalmente, estão sendo submetidas a uma sexualização precoce e historicamente criminosa. A qualquer hora, a TV disponibiliza a elas sexo e violência, e, se você vai criticar, dizem que você é a favor da censura.

- é preciso democratizar as verbas publicitárias.

O Brasil tem dois chefes de Comunicações: Franklin Martins, com o pomposo cargo de ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e Hélio Costa, ministro das Comunicações, que é o manda-chuva. E Franklin Martins está devendo respostas sobre a questão das verbas publiciárias, da qual ele se esquiva habilmente.

É isso, em resumo. Há muitas outras questões. Mas, de uma maneira ou de outra, todas desembocam neste mesmo rio.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Título do Flamengo é justo, bonito e surpreendente

Comandado pelo desacreditado Andrade, o time campeão brasileiro do Flamengo em 2009 contou, na vitória contra o Grêmio por 2 a 1 neste 6 de dezembro de 2009 no Maracanã, com o seguinte time:

Bruno; Leonardo Moura, David, Ronaldo Angelim e Juan; Airton, Toró (Everton), Williams e Petkovic (Fierro); Zé Roberto (Kleberson) e Adriano.

Assim como o Santos em 2004, o Flamengo de 2009 virou o campeonato na penúltima rodada (em 2004, o Atlético-PR era o líder até ser destronado pelo Peixe na 23ª rodada do segundo turno num campeonato de 24 clubes).

Adriano: a volta por cima e o choro/Reprodução
O título de campeão brasileiro do Flamengo é justo, bonito e surpreendente. Dez rodadas atrás, terminada a 28ª, o time da Gávea estava em 6° lugar com 42 pontos, 12 atrás do líder Palmeiras, com 54. O São Paulo tinha 49; Internacional e Atlético-MG, 47. Depois, de maneira fulminante, em dez jogos, o Flamengo conseguiu oito vitórias, umempate e uma derrota. Terminou com 67 pontos, contra 65 de Inter e São Paulo e 62 do Cruzeiro, que superou o 5° colocado Palmeiras por ter uma vitória a mais (18 x 17).

A derrocada do Palmeiras, comandada pelo presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, honesto mas incompetente nas coisas do futebol (infelizmente), foi uma das mais espetaculares que conheço. Por mais que Vanderlei Luxemburgo seja antiético (e é), o Palmeiras provavelmente seria campeão brasileiro se ele tivesse permanecido até o fim. Mas, ao demitir Luxemburgo, depois hesitar, não bancar Jorginho e finalmente contratar Muricy, Belluzzo se perdeu, e seu time não foi nem à Libertadores.

Enquanto Belluzzo tinha ataque de nervos e preferiu Muricy a Jorginho, o Flamengo bancou o caseiro e agregador Andrade. E foi campeão.

Atualizado às 22h27

sábado, 5 de dezembro de 2009

DIAS DEPOIS...

Com o post abaixo, inauguro a coluna DIAS DEPOIS..., com comentários, reflexões, matérias ou simplesmente a divulgação dos desdobramentos dos fatos ocorridos, e aqui reportados ou não. A coluna não terá uma periodicidade. Depende dos fatos.

Caetano faz mea culpa sobre Lula, mas não convence

DIAS DEPOIS...

Em evento na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, onde foi participar de eventos sobre o Tropicalismo, Caetano Veloso tentou explicar a declaração dada ao jornal O Estado de S. Paulo, quando disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é analfabeto.

Não foi convincente. Normalmente eloquente, Caetano leu um texto (foto acima), não se sabe se escrito por ele ou por sua assessoria. “Faz pouco causei, meio involuntariamente (sic), um pequeno escândalo no Brasil por ter aparecido num jornal dizendo que o presidente é analfabeto. Era realmente algo feio de se ver na primeira página do jornal”, reconheceu.

De acordo com o discurso dele, o fato é feio por dois motivos: “primeiro, não é verdade factual, Lula não é analfabeto. Segundo, porque esse tom me parecia semelhante ao tom grosseiro que tanto me desagrada na nova direita, que faz sucesso nos media”, leu Caetano.

Caetano explicou ainda que não quis corrigir “a edição sensacionalista de minhas palavras” porque, segundo ele, “estava mais “interessado em quebrar o tabu de certas rodas, amplamente majoritárias, de estar proibido de dizer-se mal de Lula”.

O autor de “Sampa” continuou, dizendo que Lula surge a seus olhos como “uma figura de grandeza histórica e épica". Afirmou que Lula está fazendo um governo “importante, bom”. Mas disse também que há coisas más, “como inchaço do Estado”. Se essa não é uma opinião perfeita do que ele chama de “nova direita”, então acho que não estou entendendo.

Finalmente, como uma reação de seu próprio ego diante do mea culpa, quando já falava sem ler, Caetano acabou voltando (pergunta: involuntariamente?) ao ponto que causou o “escândalo”. Ele comentou a posição dos linguistas segundo os quais o modo de falar de Lula é importante social e historicamente pela proximidade com o falar do povo. Disse discordar deles. “Eu não imagino com muita facilidade, em outro lugar, um presidente que nem sequer concorde os artigos com os substantivos que usa se elegendo e tendo 80% de aprovação. Não imagino nem na Argentina, nem na França, nem nos Estados Unidos, nem em Portugal”.

Talvez, se fizesse um esforço, Caetano conseguisse imaginar esse fato no Brasil.

PS: como eu disse na primeira publicação sobre esse episódio, é algo que mais entristece do que agride.

Atualizado às 14h50

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Brasil pega Costa do Marfim (de Drogba!) e Portugal na Copa do Mundo

Brasil x Coréia do Norte é a estréia do time de Dunga na Copa do Mundo. Mais moleza do que isso, impossível. Depois, pega a Costa do Marfim, jogo que pode ser difícil, considerando que o time africano terá o apoio da torcida local e conta com um dos melhores atacantes do mundo: o genial Didier Drogba, do Chelsea. (Eu detesto esse time do bairro nobre de Londres, mas recentemente me surpreendi torcendo por ele por causa do Drogba. Como joga bola!).

Finalmente, o Brasil enfrenta nossos patrícios. O jogo com Portugal de Cristiano Ronaldo, outro dos grandes avantes do mundo, será dia 25 de junho. Já pensaram? Se alguma dificuldade acontecer contra a Costa do Marfim (o futebol africano é muito envolvente), o time brasileiro terá uma decisão contra Portugal, dos brasileiros naturalizados Pepe, Deco e Liédson.

Seria sensacional um jogo como esse, se for decisivo, apesar da patriotada do sempre insuportável Galvão Bueno e seus asseclas, com aquela torcidinha idiota para tudo ser muito fácil e sem graça. Por eles, seríamos campeões sem jogar. Que tédio.

A Argentina ficou num grupo aparentemente mais fácil do que o nosso: tem a companhia de Nigéria, Coréia do Sul e Grécia.

Mas, com o futebolzinho que estão jogando, os hermanos podem se complicar, porque a Nigéria é sempre perigosa e a Grécia é um time cujo esquema tático é algo como 4-5-1, no máximo, variando para o 5-5-0 ou 4-6-0, de vez em quando. Às vezes, ganham numa cobrança de escanteio, como bem lembram os portugueses, que perderam a final da Eurocopa de 2004, para os gregos, justamente assim.

Sobre a França, de quem somos fregueses, muita gente queria evitá-la. Eu não. Só acho que tem que amarrar as mãos do Thierry Henry, a única coisa que se salva lá.

Veja os grupos da Copa 2010:

Grupo A
1. África do Sul
2. México
3. Uruguai
4. França

Grupo B
1. Argentina
2. Nigéria
3. Coreia do Sul
4. Grécia

Grupo C

1. Inglaterra
2. Estados Unidos
3. Argélia
4. Eslovênia

Grupo D
1. Alemanha
2. Austrália
3. Sérvia
4. Gana

Grupo E
1. Holanda
2. Dinamarca
3. Japão
4. Camarões

Grupo F
1. Itália
2. Paraguai
3. Nova Zelândia
4. Eslováquia

Grupo G
1. Brasil
2. Coreia do Norte
3. Costa do Marfim
4. Portugal

Grupo H
1. Espanha
2. Suíça
3. Honduras
4. Chile

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Para onde vai Ciro Gomes?

Wilson Dias/ Agência Brasil
Ciro Gomes continua sendo o coringa na sucessão presidencial e estadual (em SP) de 2010, do lado lado de cá. Do lado de lá, a indefinição de José Serra continua. Deputado federal pelo PSB, eleito no Ceará, Ciro mudou seu domicílio eleitoral para São Paulo.

Ministro da Integração Nacional no primeiro mandato de Lula, ele foi um dos mais fiéis escudeiros do presidente quando surgiram as denúncias contra o PT em 2005, e depois, na campanha de 2006. Nesses dois momentos, deu a cara a bater como um soldado que adora a batalha, enquanto muitos petistas preferiram o silêncio para não se comprometer.

Em entrevista a Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, Ciro Gomes voltou a atacar o governador de São Paulo e reforçou a tese de que Serra pode acabar desistindo de ser candidato à presidência da República e ficar por São Paulo mesmo (possibilidade que eu mesmo perguntei a Serra recentemente: leia). "Ele [Serra] é intragável no Nordeste e intolerável no Norte. O Aécio [Neves, governador de Minas Gerais] é mais aceito no Sudeste e no Sul. Mas em São Paulo, ninguém ganha do Serra", disse Ciro na entrevista.

O deputado federal afirmou, recentemente, que, se Aécio for candidato, "sua presença é tão importante para o Brasil que minha candidatura não é necessária mais".

Ao mesmo tempo, como se sabe, Lula parece indicar preferir Ciro Gomes como seu candidato ao governo paulista. O prefeito de Osasco, Emidio de Souza, é defendido por setores petistas no estado como alternativa, inclusive por representar uma espécie de novo PT. Mas o próprio Emidio já disse que, se for pela amarração de um projeto nacional que gire em torno de Dilma Rousseff, ele abriria mão da candidatura no estado em favor de Ciro.

Por outro lado, fora o fato de ser improvável que o osasquense consiga bater Serra, há no PT Antonio Palocci. O ex-ministro da Fazenda, depois de se livrar positivamente no julgamento no Supremo Tribunal federal, no final de agosto, voltou a se cacifar, pois é um nome considerado forte até mesmo no empresariado paulista.

Enfim, para onde vai Ciro Gomes?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Vocês conhecem O Teatro Mágico?

Foto: Vinicius Campos
É talvez o maior fenômeno musical dos tempos atuais, se a autenticidade for um critério para a crítica. Só no site da Trama e do Palco.mp3 já foram feitos mais de 1 milhão de downloads de suas músicas, disse Fernando Anitelli, líder do Teatro Mágico, vocalista e compositor, em entrevista a Renato Rovai, da revista Fórum, que está nas bancas. A banda se recusa a atuar sob a lógica do mercado e seu trabalho é sucesso por meio da internet.

Eles comemoram seus seis anos com um show na Academia Brasileira de Circo (avenida Nicolas Boer, 120, Pompéia – São Paulo), nos dias 11 e 12 de dezembro de 2009, às 21h. O espetáculo terá a participação de outros artistas circenses. De acordo com a banda, "esse acontecimento irá conjugar a trupe d'o Teatro Mágico com o maior circo da América Latina, a Academia Brasileira de Circo".

A trupe, que é de Osasco, não tem show programado para a cidade. Ela tem dificuldades de encontrar um espaço em que caiba uma platéia de nada menos do que 4 mil pessoas, segundo me disse o assessor de imprensa Everton.

"Dentro do possível, o movimento MPB, Música Pra Baixar, é o movimento mais político que o Teatro Mágico conseguiu trazer à tona para o seu público e de maneira acessível. Mas não pode ficar só na nossa mão. A gente resolveu construir esse movimento para poder cada vez mais politizar nosso público e potencializar essa discussão para além do Teatro Mágico", afirmou Anitelli à Fórum, explicando o MPB, que discute a política de direitos autorais e a prática do jabá, entre outras questões.

Contou também sobre sua amarga experiência com uma gravadora, no fim dos anos 90. "Naquela época, assinamos um contrato com a Cascatas Records. Eles mandaram a gente para um estúdio e gravamos nove músicas. Quando estávamos gravando a décima, o dono ligou e falou que gostaria que tocássemos as canções em formato de forró universitário e ska. Respondi que aquilo não tinha nada a ver com nosso trabalho, mas ele insistiu que deveríamos refazer as gravações. Discutimos e nossas músicas foram engavetadas. Tínhamos um contrato e durante três anos não pudemos soltar nenhuma música pela internet, nos apresentar, distribuir e vender nada. Ao mesmo tempo não recebemos nada por isso também".

"Como fomos engavetados, não tínhamos material para divulgar e nem como divulgar. Estávamos presos a eles e não tínhamos recursos pra gravar outro CD e colocar na praça. Mas aí, o seo Odácio, o meu pai, indignado vem um dia e me diz: 'Meu filho, é um absurdo saber que um trabalho que você vem buscando a sua vida toda, desde sua adolescência, não pode ser divulgado por causa do contrato. Por isso, coloquei todas suas músicas na internet para que as pessoas possam conhecê-las'. Esse gesto de amor de um pai, querendo que as músicas do filho fossem livres pro público conhecer, de certa forma, deu a essência de todo nosso trabalho futuro".

Sobre as mídias comerciais tradicionais: "vivem querendo criar novos talentos, novos sucessos. Por isso, um monte de gente se tranca em uma casa ou num sítio e sai de lá artista, achando que é uma pessoa representativa. É porra nenhuma!"

Atualizado às 18h51

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Cinemateca exibe filmes de Anselmo Duarte

A Cinemateca começa, nesta terça-feira, 1° de dezembro, a exibição de uma mostra em homenagem ao ator e diretor Anselmo Duarte, que morreu no dia 7 de novembro deste ano.

A oportunidade é ótima para quem aprecia a nostalgia que provocam filmes como o ótimo Absolutamente certo (1957), que o crítico André Setaro define como "uma comédia de costumes" e marca a estréia de Anselmo como diretor.

É uma chance imperdível também de assistir a Anselmo Duarte, Paulo Autran, Zbigniew Ziembinski e Renato Consorte atuando juntos em Veneno (1952), de Gianni Pons.

A mostra, que vai até o dia 12 de dezembro, é excelente para quem quer rever ou conhecer não só esses como o único filme brasileiro que ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 1962: O Pagador de promessas.

Confira a programação completa.